Idosos internos na AVIM |
Achei bonito uma dondoca de João Pessoa, no
seu aniversário, pedir aos amigos que substituíssem presentes ou lembranças
pessoais por pacotes de fraldas geriátricas para os idosos das instituições de
longa permanência. Ela comemora 80 anos de idade.
Fui conhecer a obra de caridade do meu amigo
professor Ercílio Delgado, em Mari. Ele fundou uma organização privada para
abrigar idosos. Levei mantimentos para o asilo que é despojado, simples, mas
confortável. Uma casa no bairro Silvino Costa, atualmente abrigando sete
velhinhos. O projeto vai caminhando com a ajuda de voluntários. A prefeitura
paga o aluguel e a energia, o Ministério Público repassa dinheiro oriundo de
multas e penas alternativas transformadas em cestas básicas. O que falta para
completar as despesas, a direção do asilo retira das aposentadorias dos velhos
internos, muitos deles com ínfimos valores no olerite da Previdência Social
porque os parentes fazem empréstimos em seus nomes. Abandonados e doentes, são
recolhidos pela Associação Voluntária de Idosos de Mari – AVIM.
A situação desses idosos me faz desconfiar
que ainda falta muito para a gente dar aquele salto civilizatório. Uma
sociedade que abandona seus anciãos e suas crianças, gasta fortunas construindo
campos de futebol para ganho de poucos, deixa claro que nós, brasileiros, somos
essencialmente um povo transgressor, não só das leis da cidadania como dos
preceitos básicos da moral e da ética. Um filho que faz empréstimo em nome do
pai aposentado e o deixa à própria sorte é emblemático do tipo de sociedade em
que vivemos.
Segundo a
pesquisadora Ana Amélia Camarano, "crueldade é envelhecer em um país que
não tem oferta de leitos suficiente para todos os idosos que necessitam".
O Brasil tem, hoje, pouco mais de 5.500 instituições, sendo apenas 238 delas
públicas, e a maioria de origem filantrópica.
Por outro lado,
projeções do governo federal apontam para um crescimento do número de
brasileiros idosos de 23 milhões para 35 milhões, nos próximos 15 anos. O
número de leitos existentes, para acompanhar esse crescimento, terá, no mínimo,
de dobrar, segundo o site “Mulher Uol”. Pena que não tenhamos projeção de
duplicar o número de pessoas solidárias iguais ao meu amigo Ercílio Delgado,
Ribeirinho e demais voluntários da AVIM.
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