Encontrei
com Sonsinho ao lado da escada rolante do shopping, esperando a escada parar
pra poder subir. Ele me disse que queria falar comigo, mas deixou o celular em
cima da máquina de lavar para não ficar fora da área de serviço. Sonsinho
conversa muita besteira, mas é um rapaz talentoso. Agora mesmo está tratando
com o cinemista Jacinto Moreno a produção de um filme pornô histórico. Vai se
chamar As “minas” do rei Salomão. Sonsinho
inventou até uns lances modernos no filme. “Vai ter muito faraó, aquela luz dos
carros que se originou no antigo Egito”, esclareceu.
O outro
amigo, o canalha Ameba, está no ramo da expansão de tecnologia, conhecido como
pirataria. Foi convidado para entrar de sócio com Sonsinho para comprar um
carro que voa: o carro pipa. Explicou ao nobre Sonsinho que esse carro
transportava água, não voava no céu como as pipas. É que o HD do mundo é muito
grande para a pouca memória de Sonsinho. Por exemplo, Sonsinho não sabe a
diferença entre um macaco e um piano. “Você coloca os dois perto de uma árvore;
o que subir é o macaco”, explicou Ameba.
Pausa para
algumas explicações: o fato é que hoje estou sem nenhuma ideia para escrever
nesta bosta de blog. Desde que os blogues foram inventados que as pessoas ficam
pensando o que escrever neles conforme o nível dos leitores. Aqui na Toca do
Leão só tem fera, mas hoje vou abrir uma brecha para inserir algumas fichas
dignas de Sonsinho, pedindo desculpas ao seleto, esclarecido e impaciente
leitor.
Continuando:
o pesquisador Sonsinho está escrevendo sua monografia acadêmica que tem como
objetivo investigativo a angustiante e filosófica pergunta: “por que os
cachorros entram nas igrejas?”. Antes de esclarecer esse importante fato, o
nosso pesquisador descobriu que a Bíblia é um livro muito sábio, pois tem até
ensinamentos de como o sujeito deve cagar. Está em Deuteronômio 23:12 – “Quando
alguém for acometido de diarreia noturna e ficar sujo, sairá do arraial e não
voltará até que esteja limpo. Terás entre tuas armas uma pá que servirá para
cavar o chão e enterrares o que defecastes.”
Sim, e o
cachorro, por que entra na igreja? Depende; se for um cachorro cassista,
certamente entrou na igreja para ver Cássio ser consagrado candidato, com as
bênçãos do pastor picareta ou do bispo metidinho.
Pausa para
outra sabedoria bíblica, que justifica minha opção de não votar em Cássio ou em
qualquer outro político militante: “Porém, abstendo-te de votar, não haverá
pecado em ti”. – Deuteronômio, capítulo 23, versículo 22.
E se o tal
cachorro igrejeiro entrar numa igreja pentecostal das sete mil virgens e oito
mil vigaristas? Aí é fácil descobrir porque ele saiu: porque os crentes
começaram a cantar em voz alta e desafinada, de forma que sabemos porque o cão
saiu, mas, por que entrou?
Outra
pausa que refresca: em Deuteronômio, capítulo 23, versículo 24, está bem claro
que a gente pode até roubar uns cajus no sítio do vizinho, só não pode levar
pra casa. Tem que chupar os cajus debaixo do pé, e deixar as castanhas que é o
verdadeiro fruto do cajueiro.
Perguntado
por que o cachorro entrou na igreja, o governador Rique Curtinho discursou: “Esse
cachorro durante muito tempo foi impedido de entrar na igreja. Só agora, no meu
governo, suas patas e seu desejo canino estão sendo respeitados”.
Diante da
interrogação metafísica canina, Ameba latiu na hora: “porque era um pastor
alemão.”
A mesma
pergunta foi feita à minha amiga Irene Marinheiro, líder feminista da Paraíba
do Norte. Resposta: “Ele entrou na igreja para humilhar a cadela, num gesto tipicamente machista,
porque se sabe que a Igreja não deixa que as mulheres assumam sua liderança”.
O grande
condutor de massas, sem ser padeiro, que atende pelo nome de Antonio Radical,
assim se pronunciou: “O cão assim o fez porque sua ação já estava determinada pelos
meios de produção capitalista, pois ele está comprometido pelo capital
internacional”.
O filósofo
de mesa de boteco, Maciel Caju, explicou: “o cachorro entrou na igreja para
evitar confronto com outro cachorro rival que vinha em sentido oposto. No caso,
esse sábio cão imitou a sabedoria da água: nunca discute com um obstáculo,
simplesmente o contorna.”
Por fim e
ao cabo, Madame Preciosa matou a charada com seu faro de mulher experiente: o
cachorro entrou na igreja porque uma irmã devota estava há dois dias sem tomar
banho, exalando forte odor de bacalhau vencido nas partes pudendas, o que
atraiu o olfato do animal.
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