sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Besteirol ao extremo


Encontrei com Sonsinho ao lado da escada rolante do shopping, esperando a escada parar pra poder subir. Ele me disse que queria falar comigo, mas deixou o celular em cima da máquina de lavar para não ficar fora da área de serviço. Sonsinho conversa muita besteira, mas é um rapaz talentoso. Agora mesmo está tratando com o cinemista Jacinto Moreno a produção de um filme pornô histórico. Vai se chamar As “minas” do rei Salomão. Sonsinho inventou até uns lances modernos no filme. “Vai ter muito faraó, aquela luz dos carros que se originou no antigo Egito”, esclareceu.

O outro amigo, o canalha Ameba, está no ramo da expansão de tecnologia, conhecido como pirataria. Foi convidado para entrar de sócio com Sonsinho para comprar um carro que voa: o carro pipa. Explicou ao nobre Sonsinho que esse carro transportava água, não voava no céu como as pipas. É que o HD do mundo é muito grande para a pouca memória de Sonsinho. Por exemplo, Sonsinho não sabe a diferença entre um macaco e um piano. “Você coloca os dois perto de uma árvore; o que subir é o macaco”, explicou Ameba.

Pausa para algumas explicações: o fato é que hoje estou sem nenhuma ideia para escrever nesta bosta de blog. Desde que os blogues foram inventados que as pessoas ficam pensando o que escrever neles conforme o nível dos leitores. Aqui na Toca do Leão só tem fera, mas hoje vou abrir uma brecha para inserir algumas fichas dignas de Sonsinho, pedindo desculpas ao seleto, esclarecido e impaciente leitor.

Continuando: o pesquisador Sonsinho está escrevendo sua monografia acadêmica que tem como objetivo investigativo a angustiante e filosófica pergunta: “por que os cachorros entram nas igrejas?”. Antes de esclarecer esse importante fato, o nosso pesquisador descobriu que a Bíblia é um livro muito sábio, pois tem até ensinamentos de como o sujeito deve cagar. Está em Deuteronômio 23:12 – “Quando alguém for acometido de diarreia noturna e ficar sujo, sairá do arraial e não voltará até que esteja limpo. Terás entre tuas armas uma pá que servirá para cavar o chão e enterrares o que defecastes.”

Sim, e o cachorro, por que entra na igreja? Depende; se for um cachorro cassista, certamente entrou na igreja para ver Cássio ser consagrado candidato, com as bênçãos do pastor picareta ou do bispo metidinho.

Pausa para outra sabedoria bíblica, que justifica minha opção de não votar em Cássio ou em qualquer outro político militante: “Porém, abstendo-te de votar, não haverá pecado em ti”. – Deuteronômio, capítulo 23, versículo 22.

E se o tal cachorro igrejeiro entrar numa igreja pentecostal das sete mil virgens e oito mil vigaristas? Aí é fácil descobrir porque ele saiu: porque os crentes começaram a cantar em voz alta e desafinada, de forma que sabemos porque o cão saiu, mas, por que entrou?

Outra pausa que refresca: em Deuteronômio, capítulo 23, versículo 24, está bem claro que a gente pode até roubar uns cajus no sítio do vizinho, só não pode levar pra casa. Tem que chupar os cajus debaixo do pé, e deixar as castanhas que é o verdadeiro fruto do cajueiro.

Perguntado por que o cachorro entrou na igreja, o governador Rique Curtinho discursou: “Esse cachorro durante muito tempo foi impedido de entrar na igreja. Só agora, no meu governo, suas patas e seu desejo canino estão sendo respeitados”.  
Diante da interrogação metafísica canina, Ameba latiu na hora: “porque era um pastor alemão.”

A mesma pergunta foi feita à minha amiga Irene Marinheiro, líder feminista da Paraíba do Norte. Resposta: “Ele entrou na igreja para humilhar  a cadela, num gesto tipicamente machista, porque se sabe que a Igreja não deixa que as mulheres assumam sua liderança”.

O grande condutor de massas, sem ser padeiro, que atende pelo nome de Antonio Radical, assim se pronunciou: “O cão assim o fez porque sua ação já estava determinada pelos meios de produção capitalista, pois ele está comprometido pelo capital internacional”.

O filósofo de mesa de boteco, Maciel Caju, explicou: “o cachorro entrou na igreja para evitar confronto com outro cachorro rival que vinha em sentido oposto. No caso, esse sábio cão imitou a sabedoria da água: nunca discute com um obstáculo, simplesmente o contorna.”

Por fim e ao cabo, Madame Preciosa matou a charada com seu faro de mulher experiente: o cachorro entrou na igreja porque uma irmã devota estava há dois dias sem tomar banho, exalando forte odor de bacalhau vencido nas partes pudendas, o que atraiu o olfato do animal. 




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