O quase poeta, operário
desqualificado da usina de letras
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Dia da bailarina
Hoje
é o dia da bailarina e eu aqui sem nenhuma inspiração para escrever uma poesia com
esse tema. O estigma da inferioridade não colabora. Quantas pérolas foram
compostas mundo afora sobre a bailarina! O que eu venha a escrever, será cascalho
sem valor algum. Sem recalques, sem mágoas, mas eu gostaria de ter escrito isso,
impregnado de simplicidade infantil:
A bailarina
Cecília Meireles
—
Esta
menina
tão
pequenina
quer ser
bailarina.
—
Não
conhece nem dó nem ré
mas sabe
ficar na ponta do pé.
—
Não
conhece nem mi nem fá
Mas
inclina o corpo para cá e para lá.
—–
Não
conhece nem lá nem si,
mas fecha
os olhos e sorri.
—-
Roda, roda, roda,
com os bracinhos no ar
e não
fica tonta nem sai do lugar.
—-
Põe no
cabelo uma estrela e um véu
e diz que
caiu do céu.
—-
Esta
menina
tão pequenina
quer ser
bailarina.
—-
Mas
depois esquece todas as danças,
e também
quer dormir como as outras crianças.
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