domingo, 1 de setembro de 2013

POEMA DO DOMINGO




O quase poeta, operário desqualificado da usina de letras


Dia da bailarina

Hoje é o dia da bailarina e eu aqui sem nenhuma inspiração para escrever uma poesia com esse tema. O estigma da inferioridade não colabora. Quantas pérolas foram compostas mundo afora sobre a bailarina! O que eu venha a escrever, será cascalho sem valor algum. Sem recalques, sem mágoas, mas eu gostaria de ter escrito isso, impregnado de simplicidade infantil:


A bailarina
                                                        Cecília Meireles
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá.
—–
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
—-
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
—-
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
—-
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
—-
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

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