O
velho Leão no papel de cuspidor de microfone na Rádio Tabajara da Paraíba,
aquela que toca cultura
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Amigos, o bom vivente
não dorme nem à noite. Nada de cochilar que a vida é breve. Aproveite enquanto
está inspirado pra continuar pedalando a bicicleta da vida. Mesmo sem momentos
de glória, o ciclista essencial faz de sua existência um carnaval, depois
transforma em um sarau e vai curtindo as apoteoses, às vezes displicente,
afetadamente simples, sem abusar da presunção.
Mesmo limitado,
prefiro não ficar esperando o tal do óbvio ululante – o perecimento. Enquanto
der, vou por aí cuspindo fogo, dando choque de determinação em mim mesmo de vez
em quando. Se deixarem, vou levando a bola, trocando passe com outros malucos.
No meu jogo, driblo o lateral, passo pelo beque, engano o volante, boto a zaga
no bornal, ultrapasso o goleiro, passo pelo gandula, pelo roupeiro, pelo
massagista e dou um banho de cuia na diretoria do time adversário. Só não entro
com bola e tudo porque tenho humildade e gol!!! (Como cantava o velho e bom
Jorge Benjor). E ainda tiro meu celular
do bolso, aquele todo moderninho, faço uma selfie,
posto no Facebook, recebo mil curtidas e corro pra galera.
Resultado: tou
tirando onda agora de produtor de rádio web, com a nossa Web Rádio Zumbi que
entra no ar dia 7 de setembro, pra comemorar nossa capacidade de botar banca,
mesmo nesses momentos acidentais que nossa terra vem passando. Minha íntima
intenção é produzir uma rádio que, de tão livre e espontânea, chame a atenção
nesse oceano de rádios pela internet. Difícil, né? Pode até dar certo. Ou não.
O fato de, a princípio, ninguém nos levar a sério, já é um bom sinal. Quem deu
bola pra Santos Dumont quando ele garantia ter inventado um troço mais pesado
que o ar, e que, no entanto, podia revolutear pelas nuvens? Se não der pedal, “é
levantar a cabeça e partir pra outra, pensar no próximo jogo”, como diria
aquele perna-de-pau, quase compreendendo e aceitando os mistérios da
mediocridade.
Ou seja, estamos
tramando uma grade de programação absurdamente genial, maluca e idiota. O carro
chefe da programação será a “Reunião”, mesa redonda,
quadrada ou retangular, com um mediador fraco e dois ou três sujeitos mal
educados e pior informados falando de tudo, ou de nada. No meio, uma garrafa de
puro malte escocês ou um vinho regular, para o cumprimento do tradicional costume
da humanidade de se inebriar com os bons espíritos enquanto muda-se o mundo ou
se predispõe para uma ressaca sem culpa. Depois, instala-se a fita cassete e o
disco de vinil do rock experimental de Gilberto Bastos e sua banda “Venus in
fuzz”, um som fugaz que se chamará “Peixe elétrico”. Por fim, e não finalmente,
daremos lugar à assembleia dos crentes e incrédulos para veicular a conversa
dos que querem, com justiça e educação, falar dos seus deuses e suas crenças,
ou a falta disso. Eis o “Caldeirão dos mitos”, o único e verdadeiro programa
ecumênico da rádio web no planeta terra. Sem falar no “Sarau das Almas”, com
poesia, literatura e performances de artistas da quebrada, e a “Rádio Barata no
ar”, um show de jocosidade inconsequente.
É pouco? Achamos que não, mas a
dúvida permanece: teremos garra, talento e temeridade para sustentar uma grade
de programação desse nível? Se eu não fosse tão cheio de pruridos e escrúpulos,
diria que tudo é possível quando se tem um prodígio na equipe.
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