quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Manoel Xudu em São José do Egito


“Me chamo Lucas Rafael Leite da Silva, sou de São José do Egito, Pernambuco, gostaria de saber se vocês do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar têm material em áudio do poeta Manoel Xudu. Por eu ser da terra dos poetas, e porque Xudu esteve aqui por várias vezes em cantoria, me interesso muito pelo tema e tenho um apreço especial pela obra deixada pelo menestrel de Pilar. Eu já tenho áudios dele cantando com Lourival Batista, Ivanildo Vila Nova e Zé Catota, que posso disponibilizar para vocês. Se a resposta for positiva, gostaria muito de adquirir esse material.”

Essa mensagem me deixa parcialmente otimista de que nem tudo está perdido para o mau gosto e a burrice reinante. Um jovem admira Manoel Xudu e quer ampliar sua coleção de áudios desse monstro sagrado da cantoria de repente.
Não vou exaltar Xudu, que todo mundo conhece o talento do poeta de São José dos Ramos, mas registrar o interesse por um artista desse quilate por parte de um representante de uma geração penosamente formada no charco de uma indústria cultural criminosa e inconsequente.

Aqui, no nosso cantinho cultural provinciano, continuamos a navegar por instrumentos, num mar de calmaria e estupidez. Desculpem a implicância.
Assim, eu me animei a tocar um projeto já bastante apurado, que é a ideia de reproduzir os quatro CDs que eu tenho,  cantorias do Manoel Xudu com mestres do tipo Pinto do Monteiro, Jó Patriota, Sebastião Silva e outras feras do repente. O material seria distribuído com os amigos do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, através do seu núcleo de música. Uma cabeça mal pensante em termos financeiros não sabe caçar recursos na iniciativa privada. Vou ter que juntar moedinhas no mealheiro, de modo que venha a formar capital para essa empreitada, que não custa muito. Outro projeto, o de conseguir arcos de armação para as telas do pintor Otto Cavalcanti, ninguém esboçou o menor interesse.

Acho que não vou ficar aqui chorando as pitangas, nem falando mal de cabra ruim metido a gestor público. É preciso seguir adiante. Talvez fale com o prefeito de São José dos Ramos para, quem sabe, arrumar uma parceria. Posso estar enganado, mas o prefeito de lá tem certa inclinação, despertada ou induzida pelo pai, o velho Antonio Caxias, para valorizar o grande vate Xudu, orgulho daquela cidade.


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