O velho Leão ta na idade de usar o peniscópio
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Birthday
do velho Leão é hoje, 25 de outubro. Eu acho chique escrever aniversário em inglês, mesmo que
você ache pedante. Como hoje é meu aniversário e não o seu, mando você catar
coquinho. Mas, por favor, não escreva no seu Facebook que hoje é dia do meu
“niver”, que eu fico puto com esse negócio de “niver”, coisa de dandoquinha
socialite, da alta mídia social.
E
outra: não me dê presentes. Não gosto. Nem vai rolar cachaça, uísque, vodka,
nada de álcool, que estou na fase de abstinência. Cigarros, idem. Quer dizer,
como será minha festa? Essa minha balada poderá até ser segura e saudável, mas
divertida, sem chance! Tou buscando uma solução criativa para minha festa de
aniversário.
Pretendo
assim tão somente mudar a cultura que associa álcool com diversão. Pensando
numa coisa que me dê prazer, sem ser preciso incluir a embriaguez. Na qualidade
de antigo bebinho de boteco pé-sujo, não consigo imaginar uma celebração sem
álcool. Mesmo porque não terei a presença de convidados. Ninguém vai para uma
festa onde não há nada para ficar alterado, pra “matar a sede”.
Diante
disso, vou passar meu Birthday sozinho. Vida social externa acabou para mim.
Nem na data especial do meu aniversário. Eu sou esperto, fiquei velho, passei
da idade de entrar em coma alcoólico ou beber todas para acelerar a vida. Soube
que os jovens de hoje estão inventando umas bossas de pingar vodca no olho para
aumentar a sensação de embriaguez. Usar bebida como colírio, tem coisa mais
idiota?
O
malandro aqui também já foi babaca, já precisou de um pouco de confiança
engarrafada pra namorar, pra ficar mais atraente, pra se sentir melhor no meio
social. Sem álcool e com a chegada da meia idade, continuo bonito, inteligente,
original e bem humorado. É que aprendi a enganar a própria mente. E sem o
perigo de dizer o que penso sobre certas coisas e pessoas. Aprendi que uma
língua bêbada é uma língua sincera. Sejamos sóbrios e hipócritas.
Mas,
voltando ao assunto do aniversário, estou entrando numa fase de me preocupar
com o julgamento póstumo. Nada a ver com o Dia do Juízo, mas com a certeza de
que não viverei para sempre e já preciso ir me arrumando para descansar.
Deveria ser proibido comemorar aniversário depois dos cinquenta. Cada ano marca
um passo para a cova. Aquela camisa
recebida de presente poderá ser a roupa do enterro. Nessa ocasião
solene, eu também não vou aceitar presentes. Também não quero nada de
lembranças no meu enterro.
“Que me perdoem os fiéis e crentes,
religiosos de corações ardentes,
mas depois da morte eu não quero nada,
depois da morte eu só quero o nada.”
(Francisco Gil Messias)
Sem festa, sem álcool, sem convidados... mesmo assim é possível ser feliz. O presente é está aí vivo e contando história. Se o velho leão já não ruge como antigamente, têm nada não. A caneta está cada dia mais afiada, voraz e sarcástica. Um abraço e vá cuidando da saúde.
ResponderExcluirLucio Andrade - Natal-RN