quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Tocando de ouvido a sonata da persistência


Maestro Vital Alves dizendo "basta!"


Kiko Almeida é músico, toca saxofone tenor, aprendeu com o maestro Zezé de Itabaiana. Ele lastima que, “infelizmente, as condições de se trabalhar e de se aprender música são precárias na terra de Daciano Alves de Lima, por falta de apoio do poder maior da cidade. Espero que um dia eu possa tocar e ver a banda  ‘Nova Euterpe’ como era antes.”

Meu caro Kiko, o poder maior de toda cidade é sua população. Os gestores são transitórios. Não perca a faculdade de se indignar, mas de vez em quando é bom ser privado de bom senso para fazer acontecer. Continue tocando seu sax e vez por outra siga a orientação que recomenda: “faça você mesmo”. Se não tem escola de música, faz como a Sociedade Amigos da Rainha: cria uma e bota a molecada pra aprender, com apoio de voluntários. Se não tem banda, vamos formar a nossa orquestra com o que se tem, ou reforçar a “Nova Euterpe”.

Por exemplo, o maestro Vital Alves anunciou que vai desistir do projeto da Orquestra de Violões Daciano Alves de Lima, do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. “Sem receber ordenado, sem patrocinadores, nossa posição ficou asfixiada, e eu preciso sobreviver, por isso tive que aceitar propostas de trabalho em Ingá e Campina Grande, assim me vejo forçado a abandonar essa obra que iniciei em Itabaiana, agradecendo a todos os que nos ajudaram e ao próprio Ponto de Cultura, mas infelizmente, sem apoio institucional, nenhum projeto cultural se mantém de pé”, disse Vital Alves, que passou a residir na cidade de Pilar, onde tentará erguer um projeto musical para crianças e jovens. Sentiremos muito pela interrupção desse trabalho tão importante, mas vamos superar que a palavra de ordem é essa.

É uma pena que atualmente a “Nova Euterpe” esteja pouco valorizada, e que a Orquestra de Violões do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar sofra solução de continuidade, mas a arte é poderosa. Qualquer hora se revitaliza, fazendo improvisações inusitadas como um jazz do agreste, percorrendo as variantes da história. Quem viver verá e ouvirá.

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