Botei
ponto final em um livro de poesias que ousei compor. Com o bicho no pen drive, procurei um catedrático para
escrever o prefácio, que livro sem apresentação é um “zé ninguém”. Seria
exagero dizer que não encontrei ninguém para a missão. Coube-me por sorte
encontrar de guarda baixa o poeta Maciel Caju, um acidente imprevisto nessa
minha busca por algum tipo de crítica. Caju aceitou prefaciar o livro, se antes
eu respondesse a algumas perguntas:
1)
O senhor se considera poeta marginal, apenas
marginal ou um elemento violentador da realidade?
2)
Qual a tendência de sua poesia? Ela fala de
que, ou deixa de falar de qual assunto?
3)
Onde o senhor tem a coragem de apresentar esses
poemas? Nos palcos? Em recitais de mesa de bar? Na alcova de Madame Preciosa?
4)
O que pretende fazer com a pequena tiragem do
seu livro de poesias? Deixar
inadvertidamente nos bancos das praças? Mandar para os amigos, com bilhetinho
pedindo desculpas? Vender ao preço de meia garrafa de cachaça de qualidade
ordinária?
5)
O senhor se considera poeta pequeno, já que
nunca nenhuma editora aceitou ao menos analisar seus originais?
6)
A douta e circunspecta crítica já leu, alguma
vez, uma única estrofe dos seus trabalhos?
Não
me importo com as ironias do poeta Maciel Caju. Só não gostei muito quando ele
me chamou, junto com os demais poetas de meia tigela, de “filhos de má
família”, um eufemismo que quer dizer: somos todos filhos da puta. Isso às
vésperas do dia das mães, dói! Também me engasguei com a última pergunta do
Caju: “A
poesia existe?”
Matutei
na pergunta, e saquei: a poesia existe enquanto existir paixão, desgosto, mágoa
e sofrimento. Minha poesia é o reflexo do pavor no meu rosto e da raiva, do
ódio que tenho deste mundo. Não do universo em si, ou do planeta, mas o mundo
dos patrões, das leis idiotas e castradoras, da estupidez do cotidiano que só
passa quando a gente interfere com o gozo anormal da inteligência. A
cadela suja da poesia vai estar sempre mijando no pé da mesa da burguesia e
levando ponta-pé, porque “pensar dói”.
Já
fui poeta guerrilheiro, marginal, alternativo, underground, gênio incompreendido da
contracultura e sonetista de inclinação afetiva
e sensual. Atualmente, fico assim no meio termo entre o clássico, o regional, o
acadêmico e o verso contemporâneo. Botei minha bodega sortida para agradar aos
diversos sabores.
Quanto
ao Maciel Caju, mandei o dito cujo tomar no fundo, mesmo com prejuízo da rima.
Eu próprio serei o prefaciador do meu livro de poesia, digamos, independente. O
que vem a ser poesia independente? Uma pergunta que eu gostaria de fazer ao
Caju, mas ele passou a cultivar um rancorzinho de mim, não sei por qual motivo.
kkkkkkkkkk. muito bom meu caro escriba,no seu lugar colocaria essa pérola a guisa de prefacio no vosso livro. Quanto a pecha de poeta marginal a qual carrego comigo com " magna cum laude " concebi esse sensacional e inspirado poema minimalista: ( QUAL O MEU CRIME DISSE O POETA / AO DONO DO DEDO / QUE EM RISTE APONTAVA / SUA VERVE PALAVRA / O SEU VERSO SEM MEDO. ) que o compadre e os seus seis leitores kkkk, podem conferir na minha página no recanto das letras. http://www.recantodasletras.com.br/autores/zanonyopoeta
ResponderExcluirAbraço forte,
Zanoni.