Totonho
se renova no tabuleiro do samba
Adeildo
Vieira
Era
sábado, 30 de agosto de 1986. O Musiclube da Paraíba partia pra mais de uma de
suas produções telúricas, cujo título era, no mínimo, uma exaltação da
autoestima dos participantes. Pois bem, o show se chamava “Todas as Estrelas”,
o que provocou um espirituoso protesto de Chico Cesar que, já morando em São
Paulo, enviou carta indagando “como fazer um show com este nome, sabendo que eu
não estou aí?”. O show, que era mais uma costumeira manifestação coletiva de
artistas, não aconteceu, porque naquele dia ocorria o sepultamento do querido
maestro Pedro Santos.
Totonho
fazia parte do elenco daquela tarde. Como era filho de Dona Luzia do Bolo,
cozinheira de primeira, levou uns cinquenta pastéis para serem distribuídos
como brinde a quem prestigiasse aquele momento artístico. Esvaziado o teatro,
sobraram as iguarias festivas, que tivemos que dar um jeito de comê-las,
acompanhando um litro de rum que apareceu não sei de onde. Bom, eu só me lembro
da cena até o terceiro pastel.
O
filho de Dona Luzia tinha muitos pastéis de ideias e sonoridades mistas guardados
no fiteiro de sua cabeça musiclubana, o que viria se tornar criativas canções e
projetos de educação em sua vida curtida de janeiro a janeiro, no Rio. E nesses
quase trinta anos de cariocidade, destacou-se na luta em favor de crianças e
adolescentes sem largar seu labor musical, o que lhe rendeu dois CDs que mantêm
a atitude Jaguaribe Carne de ser, flertando com as novas linguagens sem perder
o tino de sua infância em Monteiro, cidade paraibana onde nasceu. O contato com
a música eletrônica trouxe eletricidade para tanger cabras no quintal de sua
inquietude de viver e sabotar os satélites que orbitam em torno da estrela que
arde em seu peito, cuja luz é tão forte quanto difusa. Cabras e satélites são
os motes de seus dois trabalhos, respectivamente.
Na
semana passada Totonho me surpreendeu com show que apresentou na Usina Cultural
da Energisa. Intitulado “Os Sambas que Cartola Não Quis Fazer”, o cabra tangeu
pra longe suas cabras eletrônicas e ousou orbitar uma das estrelas de maior
grandeza na música brasileira. Falo do samba, cuja luz aquece o coração de
grandes astros da nossa alma tupiniquim. Cercado de músicos que honram a cena
sambista da Paraíba, o cabra de alma cheia de Musiclube nos fez dançar ao som
de canções inéditas com a força de melodias e refrões inspirados na estética de
Dona Ivone Lara, mas também navegando os caudalosos rios de Benjor e girando
carinhosamente o eixo dos sambas de roda da Bahia. Com isso Totonho mantinha-se
na missão de apresentar o novo, mesmo calcado na mais fina tradição. Neste
caso, o novo está no jeito de fazer, nos ingredientes que se usa pra rechear o
pastel que alimenta o senso comum. Acho que a busca frenética pelo novo tem
feito com que muitos esqueçam que o novo pode estar simplesmente na
originalidade. Pra mim há novidade em Riachão e Jackson do Pandeiro, mas também
em Arrigo Barnabé e Hermeto Pascoal, que consegue renascer todo dia. Totonho se
renovou entoando seus sambas. Só não se renova quando atira velhos palavrões ao
microfone, o que, a meu ver, não contribui em nada em sua performance de
artista capaz de transitar tão bem na tradição e na modernidade. A moderna
poeticidade do cabra deslizou suave no tobogã de suas melodias brasileiras.
No
mais, confesso que botei meu coração pra sambar ao novo som de Totonho. Abusei
da dança, pois os pastéis sonoros desse cabra não engordam.
Coloquei uma matéria no Blog Click Conexão sobre Itabaiana, e fui no Wikipédia e vi pessoas Ilustre e observei o seu Nome parabéns por ser hoje um cara muito importante para a Cultura de Itabaiana, Valeu Fábio fica aquele abraço.fuiiiiiiiiii
ResponderExcluirOi Fábio: Vou tentar me comunicar hoje com você, pois não tenho conseguido e não sei a causa. Antes tudo era normal. De uns tempos para cá encrencou tudo.
ResponderExcluirUm abraço de
Lourdinha
Oi Fabio: Por um acaso acertei. Vamos continuar nossos papos via e-,ail. Um abraço carinhoso de Lourdinha.
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