Hoje, 7 de
maio, é o dia do silêncio. Só eu e a Wikipédia sabemos disso. No dia do
silêncio, o que é que se pode pedir? Que se respeite a lei do silêncio. Cesse o
barulho, sejamos discretos. A taciturnidade é a tônica de hoje.
Por ser
dia do silêncio, não irei falar que hoje é dia 7 e ainda não recebi meu super
salário de aposentado. Estou calmo, tranquilo, sossegado e em paz, mas liso.
Não deixa de ser uma contribuição para o dia do silêncio, porque o cara sem
dinheiro algum também é privado de falar, voluntariamente ou não. Não deve
publicar, escrever ou manifestar inquietação alguma. Enfim, quem não tem papel
moeda, está fadado ao silêncio, obsequioso ou não.
O que eu quero dizer, mas não disse, é que neste país de muro baixo, a
comunicação só é direito de uma minoria. Por isso que a sociedade civil está
propondo uma lei que regulamente a comunicação e garanta
a ampla diversidade e pluralismo e a não concentração, fortaleça o sistema
público comunitário e traga um conjunto de ações de enfrentamento ao monopólio
que não é só pela questão da propriedade, mas também pelo acesso à produção de
conteúdo. Resumo: queremos acabar com a lei do silêncio imposto pela mídia que
só diz o que a elite dirigente quer que se diga.
Que este seja o último dia do
silêncio em que nós, os mal dotados de propriedade e prestígio político,
deixamos de expressar a liberdade. Vamos regulamentar essa zorra que é o rádio,
o jornal e a televisão no Brasil.
No dia do silêncio, passo a palavra
para o deputado Jean Wyllys:
“A população é livre para falar o que
pensa, mas nem todos têm os mesmos meios para serem ouvidos. Umas poucas
famílias são donas da maioria dos jornais, revistas, emissoras de rádio e
canais de televisão; uns poucos partidos concentram o tempo de TV nas campanhas
através de alianças pragmáticas e uns poucos políticos têm dinheiro suficiente
para chegar com sua mensagem a milhões de pessoas, seja na constituição de
outras mídias (jornais, sites e rádios) seja por meio do aluguel de espaços na
programação da tevê aberta. Há uma liberdade de expressão formal, que é
importantíssima e custou muito conquistar, mas ainda não há equidade no acesso
aos canais efetivos de comunicação para que mais pessoas possam falar e serem
ouvidas e para que os temas que fazem parte da agenda pública não sejam apenas
os que são decididos por umas poucas pessoas. Não só não há equidade no acesso
aos canais de comunicação como essa equidade é postergada quando o Estado se
recusa a pôr em votação um novo marco regulatório dos meios de comunicação no
Brasil”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário