Carcaças foram expostas em frente à Câmara de Pilar |
A prefeita de Pilar, Virgínia Veloso, não esteve presente ao ato público
realizado ontem (01) em Pilar pelos agricultores, para reivindicar melhores
condições de enfrentamento à estiagem que castiga a região. Convidados, também
os deputados Manoel Júnior, Efraim Filho e Assis Quintans também não estiverem
presentes à manifestação. A reportagem anotou presença de Tom Maroja,
ex-prefeito de Juripiranga, vereador Augusto, Presidente da Câmara Municipal de
São Miguel de Taipu, Flávia Maria, Presidente do Conselho de Desenvolvimento
Rural de Pilar, Roberto Filho, Presidente da Cooperativa do Leite, Murilo
Barbosa, Presidente da Câmara de Pilar e alguns vereadores, entre eles Junior
Locutor. Para Roberto Filho, a ausência da prefeita e dos deputados que
representam a região na manifestação dos agricultores “demonstra falta de
compromisso e sensibilidade em relação à causa do pequeno produtor rural”.
Tom Maroja discursou pedindo mais atenção do Governo para esta parte da
zona da mata, de terras férteis esperando somente investimento e apoio. “Temos
agora a barragem de Acauã que alimenta o rio Paraíba até Pilar, uma vazante
propícia ao cultivo, e não vemos nenhum investimento de peso para a redenção
desta parte do vale do Paraíba”, disse ele.
José Epaminondas, um dos agricultores presentes ao ato público, disse
que está torcendo para que o movimento ganhe força. “Mas espero que não se
transforme em mais um movimento político só para promover candidatos, porque
político sempre costuma explorar a boa fé do matuto”, disse ele.
A presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento
Rural de Pilar, Flávia Maria, esclareceu que o objetivo do ato público é chamar
atenção da Presidenta Dilma para a situação do agricultor na região. “No
Município de Pilar, os agricultores não têm como produzir, não há plantações
que resistam a essa estiagem, o gado está morrendo de fome, como simbolizam essas
carcaças que colocamos na frente da Câmara.” Ela reclamou da atitude do Banco
do Nordeste que, segundo Flávia Maria, “está intimando e amedrontando o pobre
agricultor para quitar suas dívidas, quando ele não tem nem dinheiro pra
comprar ração dos seus poucos animais que restam, por isso estamos encabeçando
este movimento, juntamente com o líder dos mutuários, Jair Soares, que pede a
presença em massa dos agricultores parar assinar o Abaixo Assinado SOS SECA, no
intuito de pressionar e sensibilizar o governo para que direcione ações
específicas urgente”. Ela cita a questão da falta de água e perdão das dívidas
dos agricultores como medidas de máxima urgência. Flávia também pede ao Governo Federal
que amplie o número de vagas para o município de Pilar, pois cerca de 70% da
população pilarense é composta por agricultores e o número de atendidos pelo
beneficio é insuficiente. “É importante
também a intensificação da parceria dos produtores rurais com a Secretaria de
Agricultura, Câmara e Sindicato, “pois só assim o Conselho se fortalecerá para
lutar pelo trabalhador”, acrescentou ela.
Agricultores presentes ao ato público (Foto e reportagem: Evanio Teixeira) |
Louvável essa iniciativa.
ResponderExcluirCompartilho poema sobre o tema.
O GRITO DA SECA
Há um grito gemendo
Ecoando no ar
E não precisa se ouvir
Para acreditar.
Que grito é esse
Que vem dos sertões?
Rasgando os pulmões
Quem está a gritar?
Já deu no jornal
Da capital federal,
Já passou no birô
Do governador.
Esse grito que ecoa
Tão forte agora,
Ah! Se fosse daqueles
Que muda a história!
É um grito, não ouças!
É um grito, não sintas;
São crianças famintas
De algum lugar!...
Os que pensam assim
É difícil entender
Porque pedem o voto
Pra nos defender.
Os homens que têm
O poder de mudar
Por que querem que o grito
Continue a gritar?
É difícil mudar?
Porém duvidamos;
E se fossem seus filhos
Que estivessem gritando?
Há um grito de fome,
Há um grito de sede;
Há um grito de horror,
De morte e de medo!
É o grito da seca
Que vem dos sertões,
Atrás de guarida,
Rasgando os pulmões!
O Nordeste que é terra
De um povo forte,
Como pode vencer
Essa sentença de morte?
Há familias buscando
Socorro no mato;
Em vez de feijão
Estão comendo cacto!
Há criança andando
Quilômetros na estrada,
Só para buscar
Uma lata de água!
Não! O Nordeste não é
Um filho viril
Da nossa pátria,
Do nosso Brasil!
Basta uma ação,
Uma ação de governo,
Pra fazer paraíso
O que hoje é ermo.
Aonde só tem
Crianças com fome,
O gado caindo
E o povo sumindo!
Deixando o sertão
Pra grande cidade,
Buscando comida
E felicidade.
Ai, meu Deus!
Como é triste se ouvir
Um grito que quer
Nosso peito partir.
Um grito que busca
Uma nova esperança,
E que sai tão fraquinho
De uma criança...
O céu escurece...
A chuva aparece...
Ajude meu Deus,
O pobre Nordeste!
ANTONIO COSTTA