Meu
compadre Biu Penca Preta primeiro e único foi fazer um arrastão de cachaça na
aprazível cidadezinha de Mari onde eu me escondia, lugar de temperatura amena e
povo trabalhador, mas gostadorzinho de água de alambique que é uma beleza!
Chegando lá, Penca foi molhar o bico no bar de Nelson. Depois de consumir duas
meiotas e seis cabeças de traíra, nosso amigo foi conhecer a cidade.
O caso é
que operava no lugar um tal de Mané da Galinha, cabra que mentia todos os dias,
só que no domingo ele caprichava. Mané inventou uma igreja pentecostal das Sete
Mil Virgens, elegendo-se pastor, na onda dessas igrejas “pegue pague” que
defendem o dízimo mais do que as sete chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Nosso herói Penca Preta passou na igreja de Mané. Como bêbado e cachorro entra
em toda porta aberta, ele adentrou ao templo do pastor na horinha em que Mané
da Galinha recolhia as ofertas dos irmãos.
Depois da
sessão de exorcismo, onde Mané tirou o cão do couro de duas velhas e curou a
sarna de um bebinho, além de encaminhar um fresco para as hostes do
heterossexualismo, encerrou a preleção e passou a sacola.
--- Cada
um dá o que tem que Jesus agradece – dizia o pastor.
Uma
senhora deu dez reais. O velhinho sarnento só tinha cinco reais, que foi a sua
contribuição. Teve gente que deu um real, outro jogou cinquenta centavos na
sacola de Mané, meio envergonhado. Chegando a vez de Biu Penca Preta, ele foi
honesto:
---
Pastor, eu não dou nada porque nada tenho.
Mané da
Galinha não deixou por menos:
--- Meu
filho, bote a mão na sacolinha e pegue todo dinheiro que você tá precisando, em
nome do Senhor, amém?
Penca
Preta não pensou duas vezes: enfiou a mão na sacola e retirou 60 reais.
E o pastor,
maroto:
--- Agora
que você tem dinheiro, bote tudo na sacolinha, em nome de Jesus!
Biu Penca
Preta saiu da igreja falando de todas as peças da mãe do pastor, sem faltar
nenhuma. Só Jesus na causa!
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