Antonio Costta conversando comigo sobre temas culturais. O poeta não teve culpa pela inoperância da Secretaria de Cultura no governo Dida Moreira. |
Esse
episódio quem me contou foi o ator Edglês Gonchá, ex-aluno em uma faculdade de
Goiana, Pernambuco, onde um professor é estudioso do movimento revolucionário de 1824, quando os moradores de
Itabaiana tiveram parte ativa em sangrentos combates travados no riacho das
Pedras, entre as forças legalistas do Presidente Felipe Nery, sob o comando do
Coronel Estevão Carneiro da Cunha. Os revoltosos eram comandados por Félix
Antônio. No local desta batalha foi inaugurado um monumento, “resgatando de uma
vez por todas a memória daqueles que deram suas vidas em defesa da liberdade em
nosso país”, como afirmou o professor Israel Carvalho.
Pois bem, o
professor pernambucano acertou com Edglês sua vinda a Itabaiana para conhecer o
local dessa famosa batalha, a maior da guerra da independência no Nordeste.
Qual não foi a surpresa e o embaraço de Edglês quando chegou o professor em um
ônibus lotado de estudantes de Goiana para visitar o marco da Batalha do Açude
das Pedras. O local está abandonado, cheio de mato, o melão de são caetano
tomou conta do que resta da placa comemorativa, o riacho corre apodrecido,
poluído, em direção ao rio Paraíba, onde deságua. O itabaianense Edglês ficou
sem jeito, diante da depredação e degradação de um patrimônio histórico dessa
importância. O professor se confessou um homem consciente da precariedade de
nossos entes públicos diante do dever de preservar a História. Pacientemente,
Edglês explicou que aqui está instalada uma Secretaria de Cultura, que
teoricamente deveria tomar conta disso, mas a ex-prefeita Dida Moreira não
deixou nem um centavo no orçamento público para ser investido nesta área.
Um leitor do
Sul/Sudeste deve achar extravagante essa notícia de que uma cidade com um
patrimônio histórico dessa magnitude não tenha empenhado verba alguma para a
área cultural e artística, incluindo a preservação da História do Município.
Sentimento semelhante foi expresso pelo professor pernambucano, vindo de uma
cidade histórica do Estado vizinho onde os que empunharam a bandeira do
abolicionismo e os ideais republicanos têm seus nomes preservados, seus
espíritos pioneiros sobrevivendo.
O atual
prefeito confessou que não encontrou nada nos cofres da Prefeitura para
investimentos culturais. Vai esperar a confecção do próximo orçamento para contemplar
algum recurso para o setor. Meu compadre e poeta Antonio Costta, ex-secretário
adjunto da cultura, fez o que foi possível e fez muito pouco, porque a tarefa
de difundir bens culturais e incentivar a produção da cultura não pode ser
realizada sem recursos. Além do dinheiro, talvez o mais importante seja o amor
pela cidade. Isso eu duvido que forasteiros aqui instalados apenas para se
locupletar financeiramente venham a ter. Não é o caso do poeta, que por suas ações
e exemplos tem dado provas do sentimento de afeição pela terra de Zé da Luz.
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