O que não
faz a crise! Em troca de alguns reais (de origem duvidosa), aceitei prefaciar
essa “obra”. Trata-se de um homem por subnome Biu Penca Preta, vulgo “Cabeça de
Navio”, nascido e criado na rua das Flores, onde fortaleceu seus dois ou três
neurônios com os vapores e exalações vindos daquele charmoso esgoto a céu
aberto que banha sua linda e fedorenta cidade. Esse cara viria ficar famoso
depois que um tal de Jessier Quirino contou seus causos no programa do Jô
Soares, um gordo cuja maior piada foi a entrevista que ele combinou com aquela
dama Tabaco de Ferro.
O autor da
“obra” é um gabola que se queixa de ser escritor, mas não passa de um
escrevinhador de ideias alheias, plagiador da pior espécie, que é aquele vulgar
elemento apanhador de dejetos literários de outros calhordas. Quem arremeda e
copia Dante Alighieri, por exemplo, merece meu nobre perdão e até
reconhecimento pelo talento. Por outro lado, o lado mal, escritor que busca nas
páginas mais escrotas da literatura sua inspiração pra encher meia dúzia de
páginas e vender a troco de cachaça ordinária nos becos e vielas de sua
subcidade, aproveitando-se da má fama de um palhaço da cabeça gigantesca, só
merece menosprezo dos homens e mulheres distintos e superiores, os quais estão
muito acima do lamaçal onde pululam o autor e a personagem desse monte de
obscenidade e imundície, vindo diretamente do esgoto da Rua 13 de Maio, vulgo
“avenida gala seca.”
Portanto,
caro leitor desatento que está cometendo, sem saber, a transgressão moral de
ler este lixo, largue imediatamente esta titica e corra para um templo da
Igreja Mundial da Picaretagem Celestial para purgar seu pecado, doando ao
pastor a quantia equivalente a dez exemplares do livrinho, destinada à regeneração
moral de seres semelhantes ao autor, cuja maior inspiração é o baixo
meretrício, enfim, o cabaré, mais conhecido como puteiro, que alguns
inadequadamente conhecem por câmara de deputados, de vereadores ou
assemelhados.
Há de
enaltecer o teor artístico do ilustrador, Artur Anderson, um rapaz tão franzino
que sua mãe fez uma promessa: se ele vingasse, iria para um seminário aprender
a ser padre. Acabou não indo para o convento, mas assimilou alguns hábitos de
certos vigários, o que não vem ao caso comentar, mesmo porque ninguém tem nada
a ver com a vida sexual dos outros.
Enfim, tenho
esse desgosto de cometer o desatino de apresentar o presente esterco de gato,
culpando única e exclusivamente a Dama do Tabaco de Ferro, por quem o autor
nutre ligeira paixonite, ela apontada como causadora de um aperto econômico tão
da moléstia dos cachorros que me obriga, eu, um honorável intelectual, a esse
descontentamento de traçar estas mal intencionadas linhas.
Maciel Caju
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