terça-feira, 16 de junho de 2015

Minha poesia mundo afora

Minha amiguinha desafinando o coro dos aplausos: “Você vive no mundo do faz de conta”. Aí, eu digo poeticamente: “Quando juntar o meu faz de conta com tuas bonitas quimeras, vamos montar um castelinho de vento e brincar de ser borboletas”. De resto, qualquer resto de imaginação alimenta minha cabeça de sonhos.

Também de resto, a grande poesia é consequência de nossas fraquezas. Só uma pessoa cheia de debilidades pode construir jogos de palavra que não mudam nada, não enfrentam a dureza da vida e necessitam de pessoas imaginativas para sobreviver. E se morre a cada poema. Até as flores sucumbem um tantinho para soltar seu cheiro. Outro conceito que me vem à cabeça: o verdadeiro guerreiro é o que luta por nada. O que isso significa? Desculpe, é outro jogo de palavras, me dê o prazer de lhe ver empenhado no desafio da decodificação.

Ainda de resto, e haja restos a subsistir, encontrar leitor para sua poesia anêmica é quase um milagre, mas eles existem, os leitores e os milagres. Um desses apreciadores do meu trabalho é Vitório Sezabar, de Bom Jardim, no Rio de Janeiro. Ele acha que eu consegui compor um bom soneto. Trata-se de “Perpetuação”. “Como dizem os portugueses, ‘muito bem conseguido. Parabéns!”

O mesmo “Perpetuação” agradou ao Léo Bargom, de Brasília. Ele diz que tem 54 anos de idade e é aprendiz de trovador. Sobre meu soneto, ele versejou:

Versos de um poeta aflito
Embeleza o mundo em conflito
Pedindo vida aos mortais.

Agora digo então
Esses versos são bonitos
Guardarei na minha mente
Agora, daqui pra frente,
Não olharei para trás.

Dasilmel mora em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. É uma jovem de 20 anos. Sobre “Perpetuação”, assim escreveu: “Esta é o tipo de poesia que chama atenção. Parece que vem do infinito. Perfeita poesia. Parabéns.” Na hora, lembrei de uma frase, não sei de quem: “Em meu infinito, não cabe mais que uma estrela”. Quem sabe, não seria aquela estrela que provocou o coral dos meus adeptos.

E por fim, tem o meu compadre Dedé Arnô de Nova Russas, no Ceará. Pediu uns versinhos de cordel com o tema “Segurança alimentar”, para fazer parte de trabalho na Escola Almir Mendes Guedes. Mandei na hora algumas sextilhas. Dedé respondeu: “Compadre Fábio, você é um gênio!”. Eu só pensando: “Ó Nossa Senhora do Martelo Agalopado, escutai minha prece, mandai inspiração pro Ceará, pra Serrinha e pro Apertado da Hora, que teu povo tem fome e sede de poesia”. Muito melhor ser declamado pelos alunos de Nova Russas do que sair no Correio Literário e ninguém ler. O Ceará está sol-letrando meus versinhos cordelescos, e isso não é pra qualquer um!

Dedé Arnô me pediu
Em um breve versejar
Que falasse desse tema:
Segurança alimentar. 
Por isso canto esse mote
Na batida do ganzá.

É preciso analisar
O que se bota na boca
A condição de consumo
E tudo o que ela provoca
De onde vem e como foi 
Produzida a jurupoca

Que é peixe de pororoca
Mas é tudo perecível
Vegetal ou animal
Pois nem tudo é consumível
Alimento é perigoso
Pode se tornar terrível

Se não for bem atingível
As normas de produção
Transporte, armazenamento,
Tem a padronização
São regras pra evitar
Toda contaminação.

Microrganismos estão
Atuando no alimento
Protozoários e vírus
Podem ter acolhimento
No leite, pão ou batata
Em clima que é bolorento.

Por outro lado, intento
Falar sobre esse direito
Que é de se alimentar
Com quantidade e proveito
Que seja suficiente
Pra abastecer o sujeito

E que seja desse jeito:
Respeitando o habitual
Com comida conhecida
Na quantidade normal
Em produção sustentável
Conforme o tom cultural

E também ambiental
Do grupo comunitário
É um direito humano
Regular e necessário
A comida adequada
Em projeto solidário

Seja então depositário
De respeito e atenção
O homem de baixa renda
Que tem pouca condição
De prover o alimento
E garantir o seu pão.

Sem faltar educação
Com base nutricional
É o que garante o Governo
Como eixo transversal
Do programa alimentar
De projeção nacional.

O plano institucional
Dá comida e leva cesta
Para famílias carentes
Que tenham vida indigesta
As pessoas vulneráveis

Da cidade e da floresta.

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