Para
o povo de Ingá, o seu Cruzeiro é muito mais importante do que a porra da seleção
brasileira. E eles perderam de 14 a zero para o Treze de Campina Grande. Isso
sim, é que é sofrimento. Os sete a zero pra Alemanha? Fichinha. Perder para o
Paraguai e voltar chorando com sintomas virulentos? Amigo torcedor, uma goleada
dessas não sai nem daqui a cinquenta anos. No país do futebol capenga, o
Cruzeiro de Ingá foi buscar a bola no fundo das redes quatorze vezes, superando
o meu time Mangueira de Entroncamento em histórica partida contra o Santos de
Pilar, onde fomos massacrados por 12 a zero.
Esse
povo bravo de Ingá, civilizadamente, não quebrou nada, não agrediu ninguém, foi
pra casa remoer sua goleada. Eu aqui imaginando o trauma que esse pobre goleiro
vai carregar pela vida afora, mesmo porque vida de goleiro não é fácil. Tudo
parece conspirar contra esse atleta solitário debaixo daqueles paus, pisando
onde não nasce grama.
Fiquei
pensando nisso. Fui ver no Google, descobri que a maior goleada no Brasil é de
responsabilidade do meu glorioso Botafogo Futebol e Regatas. Em 30 de maio de
1909, o Fogão venceu o Sport Club Mangueira por 24 a zero. Só podia ser o
Mangueira!
Na
história do futebol no mundo, a maior goleada foi a vitória do Arbroath por 36
a 0 sobre o Bon Accord pela Copa Escocesa de 1885.
Na
Paraíba, no dia 20 de fevereiro de 2013, na abertura da décima segunda rodada
do Campeonato Paraibano Chevrolet 2013, o
Botafogo-PB recebeu o Cruzeiro de Itaporanga no estádio da Graça, em
João Pessoa. E num dia chuvoso na capital paraibana, aconteceu uma chuva de
gols na partida entre o líder e o lanterna da competição: 9 a zero. Pelo que se
vê que os times estrelados não dão sorte por essas bandas.
Eu,
por mim, estando no lugar do meu compadre Vavá da Luz, competente Secretário de
Turismo de Ingá, já ia providenciando o marketing
desse Cruzeiro, para alça-lo à condição de pior time do mundo e desbancar a
fama do Íbis de Pernambuco. O Íbis tem o orgulho de ser considerado o
"pior time do mundo", rótulo alcançado após ter seu nome registrado
no Guinness Book of World Records (Livro dos Recordes) de 1991 pela maior
sequência sem vitória de um time profissional (55 jogos, de 1980 a 1984). A
marca negativa trouxe fama. No caso, o turista iria ver as pedras do Ingá e
conhecer de perto o mais novo “pior time do mundo” e seus heróis pernas de pau,
com direito a ouvir declamação do próprio Vavá da Luz, um craque poeta, com os
melhores textos sobre os piores momentos do Cruzeiro de Ingá.
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