Aviso
no Facebook: “Corto do meu círculo todo o tipo de gente idiota, preconceituosa,
extremista, retrógrada, atrasada, fundamentalista de qualquer gênero, racista e
os demais ignorantes de plantão.
Não
tenho mais idade nem paciência para tanta idiotice e estupidez!
Tenho
dito, se quiser ficar ofendido, problema seu!”
Esse
é um dos muitos bilhetes postados no civilizadíssimo Facebook, uma espécie de
reality show virtual onde as mal-comidas invejam as barangas desinibidas, as
carentes metem o pau nas jaburus, os politicamente corretos atacam os “panacas
reaças”, os tímidos postam fotos estranhas de remotas fantasias e os puxa-sacos
puxam, evidentemente, os sacos de seus respectivos. O que chama a atenção,
mesmo, é o festival de hipocrisia em assembleia permanente em defesa da honra,
da moral e dos bons costumes.
Enfim,
expomos o pior de nós, com as melhores das intenções. Os que são a favor de
Dilma por exemplo, nem se tocam que aparecem como fundamentalistas de uma
esquerda que já morreu e finge estar viva, agarrada com o esqueleto de uma
direita que continua perversa e covarde. Os do contra se dividem entre aquela
turma “sincera, mas radical”, de que falava o General Geisel, cumprindo uma
prerrogativa dos extremistas que é de, ridicularmente, achar que o mundo não
mudou e nem vai mudar e que continuamos no começo do século vinte, e os idiotas
de Facebook que confundem discussão política com baixaria. Enfim, é o tal
refúgio do canalha.
E
eu, na minha missão de espalhar boatos, precisando ter uma base de “amigos”
virtuais, vou tolerando essa versão moderna da vida como ela é, aproveitando
pra, aqui e acolá, dar também meus recadinhos maldosos que ninguém é de ferro.
No máximo, de bits, que são os impulsos elétricos do computador.
Somos
todos anti-heróis da canalhice, no fundo. Preconceituoso? Um tantinho. Não
gosto de gente rica, por exemplo. Essa raça é constituída de ladrões, na minha
enviesada concepção. Noves fora alguns lances ousados aqui e ali, quem não é
retrô, especialmente com essa nossa cara outonal?
Saudade
das cartas, as de amor, de amizade, até de negócios. A gente podia ser
demagogo, até sacana, mas no particular. Como diz o velho Xico Sá: “Só as
cartas transmitem o real sentimento dos homens e a verdade de suas crenças e
motivos”. Na grande rede cibernética, lemos as cartas coletivas de um Brasil
galinha caipira que só cisca pra trás.
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