Em Luanda, os alunos levam cadeiras para estudar
nas escolas. Difícil estudar nessas condições. Lembrei do tempo distante quando
comecei a estudar em Timbaúba, aos sete anos de idade. Levava também um
tamborete, caderno, lápis e borracha na cabeça todos os dias.
A dinâmica da vida, e não o esforço inicial para
conhecer as primeiras letras, me deixou sem completar os estudos. Nem terminei
o segundo grau. Lembrei disso ontem, na copiadora, onde rodava convites para
lançamento do livro “Homenagem a Violeta Formiga e outros escritos”, de Jandira
Lucena, que acontece neste domingo, dia 7, às 20 horas na Câmara de Itabaiana.
O rapaz que fazia a arte me perguntou se eu era professor. “Nem aluno eu fui
que prestasse”, respondi.
Pertenço a uma classe que sofre desrespeito por não
ter conseguido arrumar um diploma. Faço jornalismo, radialismo e outros ismos
sem ser habilitado, por isso me chamam de charlatão. O boom dos blogs fez surgir um monte de gente que pretende ser
jornalista, mas não alcança o sentido das palavras nem sua maneira correta de
ser escrita. São quase analfabetos que mandam ver em seus blogs e nas emissoras
de rádio. Nós, que não temos diploma, somos nivelados por essa turma.
Sem querer polemizar, acho que as universidades
também despejam pessoas sem nenhuma capacidade comunicacional no mercado. Gente
que acha que “o problema do terceiro mundo é a superabundância de necessidades”,
ou considera que “os
egípcios antigos desenvolveram a arte funerária para que os mortos pudessem
viver melhor”. Sonsinho, um menino estudante de física, aposta que “a principal
função da raiz é se enterrar”.
Recebi
uma matéria assinada por estudante de comunicação da UFPB que comprova a teoria
de Sonsinho, segundo a qual nervo ótico serve para transmitir idéias luminosas
ao cérebro. A moça acaba de receber seu diploma de jornalista. Outro, um
gordinho sinistro cuspidor de microfone, vive feito surfista, na crista da onda,
primeiro lugar no Ibope, sem nenhum problema de vergonha na cara ao falar em
rádio/TV e escrever no seu blog. Mas, esse não tem diploma, é apenas um malabarista
do circo da picaretagem. Não me representa.
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