No meu primeiro livro de poesias, “Pátria armada”, tem um
poema chamado “Funeral de um ladrão”. A banda VENUS IN FUZZ musicou e gravou
"Funeral de um ladrão". A banda é uma mistura de poesia, reverberação
e microfonia, um som maluco comandando pelo poeta Gilberto Bastos. VENUS IN
FUZZ é inspirada também em grupos como Velvet Undergroud e nacionais tipo
Feline e Pin Ups.
A banda hoje é
formada por Gilberto Bastos, voz e guitarra, Milton HCS, guitarra e André
Lederman, bateria. VENUS IN FUZZ é também influenciada pelas bandas shoegazers
inglesas dos anos 90 e no rock nacional obscuro dos 80. Enfim, é uma banda
experimental, barulhenta, autoral e psicodélica.
Essa gravação foi
feita em fita K-7, graças ao singular conceito de tempo/espaço/modismo do poeta
Gilberto, que ainda transa Long Play e vitrola. Lógico que essa mídia
ultrapassada estaria fadada a morrer junto com o ladrão e seu funeral cretino,
se não fosse minha ideia de converter para CD o féretro do sacripanta. O músico
que pratica a anti-música, o guitarrista que não sabe armar um acorde, numa
surpreendente performance consegue penetrar nas veredas conflituosas da arte
pela arte, no mundo absurdo dos sons desconexos. Minha poesia boia nesse
mangue, mas o que conta mesmo é o fato de ter um trabalho cantado por esse povo
que não quer esgotar os mistérios da vida, mas busca saber onde é que o seu som
experimental e psicodélico pode chegar no underground pobre dessa Paraíba do
Norte tão assim, assim... Independentes e descolados, os caras da VENUS IN FUZZ
vão construindo seu universo com as guitarras malucas e desafinadas como os
gemidos dos sapos nos pântanos, entre o imaginário e o real de suas músicas
atmosféricas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário