segunda-feira, 19 de maio de 2014

Rock experimental no enterro do ladrão

 
Gilberto Bastos (esquerda) é pernambucano de Recife, radicado na Paraíba

No meu primeiro livro de poesias, “Pátria armada”, tem um poema chamado “Funeral de um ladrão”. A banda VENUS IN FUZZ musicou e gravou "Funeral de um ladrão". A banda é uma mistura de poesia, reverberação e microfonia, um som maluco comandando pelo poeta Gilberto Bastos. VENUS IN FUZZ é inspirada também em grupos como Velvet Undergroud e nacionais tipo Feline e Pin Ups.

A banda hoje é formada por Gilberto Bastos, voz e guitarra, Milton HCS, guitarra e André Lederman, bateria. VENUS IN FUZZ é também influenciada pelas bandas shoegazers inglesas dos anos 90 e no rock nacional obscuro dos 80. Enfim, é uma banda experimental, barulhenta, autoral e psicodélica.

Essa gravação foi feita em fita K-7, graças ao singular conceito de tempo/espaço/modismo do poeta Gilberto, que ainda transa Long Play e vitrola. Lógico que essa mídia ultrapassada estaria fadada a morrer junto com o ladrão e seu funeral cretino, se não fosse minha ideia de converter para CD o féretro do sacripanta. O músico que pratica a anti-música, o guitarrista que não sabe armar um acorde, numa surpreendente performance consegue penetrar nas veredas conflituosas da arte pela arte, no mundo absurdo dos sons desconexos. Minha poesia boia nesse mangue, mas o que conta mesmo é o fato de ter um trabalho cantado por esse povo que não quer esgotar os mistérios da vida, mas busca saber onde é que o seu som experimental e psicodélico pode chegar no underground pobre dessa Paraíba do Norte tão assim, assim... Independentes e descolados, os caras da VENUS IN FUZZ vão construindo seu universo com as guitarras malucas e desafinadas como os gemidos dos sapos nos pântanos, entre o imaginário e o real de suas músicas atmosféricas. 

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