Olhem que lirismo pungente nessas duas cenas,
flagrantes de gente fina, elegante e sincera beijando mão de gente pobre e
necessitada de carinho e atenção. Georges Bernanos raciocina que “o pobre prefere um copo de vinho a um pão, porque o
estômago da miséria necessita mais de ilusões que de alimento”. Nas cenas
acima, temos a ilusão de que as classes subalternas merecem o respeito dos
ricos e bem situados na vida. É o fim da luta de classes. Nosso ilustre e celebrado José
Maranhão só falta dizer que dinheiro não dá felicidade, e o que ele gosta mesmo
é de visitar os pobrezinhos e beijar suas mãos como um súdito humilde dos reis
da miséria.
O rapaz de
vermelho que beija a mão de sua eleitora é um seguidor de Zé Maranhão. Trata-se
de Antonio Carlos Júnior, ex-prefeito de Itabaiana do Norte e candidato nesta
eleição. É do mesmo partido de Zé e seu discípulo mais fiel. Aprendeu a fazer
política na velha escola clientelista do PSD do passado, apesar de jovem. Antes
dele nascer, Maranhão já perambulava pelas casas dos pobres pedindo votos e
beijando mãos de eleitores.
O populismo é uma
cultura social, legado do melhor que o clientelismo criou. Ontem e hoje, visões
convergentes da intenção de proporcionar ilusão de igualdade.
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