Aos
79 anos de idade, Mister Kaltos ainda controlava as bolas
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Meu tio Luiz Marinho de Mello é um artista
itabaianense que andou pela América do Sul, apresentando-se como mágico nos
maiores circos do continente. Conhecido no meio artístico como Mister Kaltos,
tio Luiz trabalhava com grandes truques, como a Mala Moscovita. No Brasil,
passou a maior parte de sua vida em Minas Gerais, na cidade de Varginha. Em uma
crônica, escrevi: “Mister
Kaltos é meu tio, e de alguma forma estamos ligados no esforço do espírito por
um mundo mais mágico. Uma das prestidigitações de que faço uso chama-se
internet, essa caixa mágica de comunicação que vem mudando nossa maneira de nos
relacionarmos com o conjunto dos seres humanos”.
Mister
Kaltos fundou a Associação dos Mágicos de Minas Gerais, e para a inauguração da
entidade de classe convidou o então Ministro do Planejamento da ditadura, o
economista Roberto Campos. No seu discurso, Mister Kaltos ironizou: “O ministro
é tão mágico quanto nós, porque ele consegue esconder o dragão da inflação”. O
Ministro não compareceu, mandou um fofa bosta assessor que imediatamente comunicou
ao Departamento de Ordem Política e Social sobre o atrevimento do mágico
subversivo. Tio Luiz foi chamado ao DOPS para se explicar.
Nasceu
em 8 de abril de 1911, vindo a falecer em 1999, na cidade de Mari. Além de
mágico, Mister Kaltos trabalhava com a manipulação de marionetes de cordão, em
belos espetáculos para crianças e adultos, realizados em parque de diversão de
sua propriedade. Aos 79 anos, foi considerado o mágico mais antigo em atividade
no Brasil. Morreu manipulando seus aparelhos e alegrando as pessoas com suas
ilusões.
Lembrei
dele assistindo de passagem o Guia Eleitoral na TV. Uma frase do Mister Kaltos:
“Eu que já sou otário, fiquei mais otário ainda vendo a propaganda eleitoral”.
Ele costumava dizer que, se fosse inteligente, criaria o palito de fósforo com
duas cabeças, pra economizar pauzinhos.
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