segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O bêbado filósofo




Era um sábio de bar. É dele a frase: “Beber é uma estupidez; saber beber é uma virtude”.  Chato feito gato de pensão, sabia se impor pela inteligência. “O homem é um ser político e o seu lugar é no bar”, dizia.

O garçom Manoelzinho já estava acostumado com a figura. Gostava de roubar no troco, mas descontava no “choro” do uísque ou do conhaque.  “Eu confio mais em Manoelzinho do que em minha mulher”, costumava confessar.

Para os pedantes que reclamam da sorte, da crise e de Dilma, os eternos oposicionistas de mesa de bar, ele sentencia: “Hitler foi apenas o flagelo de Deus para o castigo do seu povo. Nesse caso, temos a permissão de julgar o instrumento divino? Portanto, não fale mal de quem lhe fode a vida. Você pode não saber porque está sofrendo, mas, certamente, não é de graça que botam no seu papeiro”, ironizava o bêbado filósofo.

O etilista insolente e blasfemo dizia que o homem não passa de um instrumento nas mãos de Deus, um meio de demonstrar suas teses nos duelos verbais com o Diabo. “O Deus do pobre sofredor é o Deus de Jó. A riqueza é um presente de Deus para os capacitados. Dos gananciosos é o reino de Deus”, pregava o ímpio. E mais: “A falta de caráter é a coisa mais revolucionária da História, pois todas as vezes em que alguém trai o Rei e desmancha sua Corte, faz história e muda o rumo da vida. E o que é um traidor, senão um mal caráter?”, afirmava, citando o mais recente membro do clube dos traíras, um tal de Michel Temer, “aquele velhote que gosta de se exibir com uma gostosa da bunda grande, para reafirmar sua posição ideológica”. 

Outras frases do grande e vil homem do bar “Esperança, o último que fecha” (Claro que esse não é o verdadeiro nome do bar. O Esperança é o bar do filme de Marília Pêra e Hugo Carvana, que eu revi ontem no Youtube). Ele deixou de fumar e vivia repetindo uma frase de Luiz Fernando Veríssimo: “Quem deixa de fumar fica intragável”. Só que o bicho era intragável em tempo integral, mas atraente pelas tiradas. “Sou um mambembe não remunerado da cultura de rua. Tenho ímpetos homicidas quando vejo um estúpido cagando regras e vomitando o que mal leu de outros idiotas nas tais mídias sociais”. 

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