sábado, 19 de dezembro de 2015

Hoje tem Multimistura na Tabajara

Jacinto Moreno, eu e Marcos Veloso gravando o Multimistura. Reparar na cara dupla de Veloso.

Eu sou um cara da cultura alternativa. O que vem a ser isso? Mais ou menos é o elemento que produz arte num espaço marginal como as rádios comunitárias, os fanzines do tempo do mimeógrafo ou o teatro amador de periferia. Brigo pelo direito à liberdade de expressão, pelo humor e a valorização das coisas simples. Subverter a lógica do mercado, não só nos conceitos estéticos. É assim que eu me vejo e é nessa trincheira que me engajo, nessas utopias onde a gente até sonha que está sendo levado pela torrente das tais forças progressistas, como eternos ingênuos que sempre seremos.

Longa é a arte e breve é a vida, diziam os gregos. Por que estou escrevendo isso? Por nada. É que estou atrasado na atualização da Toca, e resolvi escrever essas coisas, falar do nada e do tudo. “Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo”. Isso é do Guimarães Rosa, um sujeito definitivo na literatura de todos os tempos no Brasil.

Se estou desencantado? Tantinho assim. Cada ano que se passa, a gente vê o deslocamento do foco de nossa luta. Não luto mais contra o poder burguês, mas contra a força da gravidade que vai corroendo as cartilagens do meu joelho. E o pior: com a velhice, vamos nos tornando autoritários, repressores mesmo. Ditar leis e querer que todo mundo seja igual a nós, é uma tendência geral, com o passar dos anos. Velhinhos intolerantes manejando suas bengalas por aí, esquecendo que passou a vida toda querendo pleno direito para o ser humano, buscando uma sensibilidade maior nas relações humanas.

Apesar do poder coercitivo do sistema que sempre pretende controlar a galera, a gente ainda acredita em propostas não oficiais de cultura, ocupando espaços onde der, nesse corpo-a-corpo maluco feito minha mania de levar livros para espaços públicos, na esperança de que as pessoas venham a ler. Atos isolados como produzir programas de rádio web com equipamentos toscos e esquemas de divulgação ridículos, quem sabe, para dar alguma chance de pautar temas de e sobre as periferias silenciosas e invisíveis.

É este o propósito do programa Multimistura que eu faço toda semana com Dalmo Oliveira, Jacinto Moreno, Ivaldo Gomes, Beto Palhano e Marcos Veloso para a Rádio Web Zumbi dos Palmares. A propósito, hoje, sábado, 19 de dezembro, vamos produzir o último programa “Alô comunidade” na Rádio Tabajara da Paraíba AM, às 14 horas, e nesse programa de fim de ano rodaremos alguns trechos do Multimistura.

Quem quiser nos dar a honra de nos ouvir, estaremos neste link às 14 horas:


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