segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Livro merece respeito

Sem querer anatematizar meus patrícios, mas vou dirigir esse recado censório para os que se utilizam do projeto que expõe livros para consumo de graça no Espaço Cultural em João Pessoa.

Pegue um livro e deixe outro se quiser. Assim funcionam as bibliotecas de rua, uma ideia que veio com um casal de São Paulo e funciona no Espaço Cultural. A estante é abastecida pelos que dela se utilizam, mas aqui em João Pessoa, não sei se em outros lugares, o incentivo à boa leitura tem se transformado em depósito de lixo. As pessoas despejam lá os livros didáticos, revistas velhas, catálogos antigos, apostilas técnicas, listas telefônicas, almanaques ultrapassados e outros entulhos literários. Resultado: sobra lixo e faltam livros. Outro dia, estava lá uma agenda de 2002, de uma estudante de Bayeux. Pior: completamente vazia, sem nenhuma anotação a não ser o endereço da moça e seus números telefônicos de contato. Se ao menos tivesse alguma literatura, um poema, um recado original. Nada! Levei para reutilizar em 2016. Foi o que encontrei na estante, onde deixo em média dez livros semanalmente, e só raramente consigo levar um livro decente para ler.

Sejamos civilizados! Se você não tem ou não quer se desfazer dos seus livros, pegue um livro na biblioteca de rua, mas não deixe exemplares da Veja de seis meses atrás ou o Almanaque Capivarol de 1998. Acho asqueroso esse nosso jeitinho de querer levar vantagem em tudo. Encontrei seis sacos repletos de papeis velhos, ao pé da estantezinha. O cara fez uma limpeza no seu quarto de despejo e levou o lixo para o Espaço Cultural.

Eu sei que a ideia é não ter controle sobre o projeto. Entretanto, sugiro ao pessoal responsável pelo setor de biblioteca da Fundação Espaço Cultural que façam uma campanha de conscientização, para que os usuários parem de colocar lixo na estante. Um funcionário durante alguns dias nas proximidades da estante, para orientar os doadores sobre o que deve ser deixado no local. E também abastecer com duplicatas da Biblioteca do Espaço Cultural, onde se acumulam mais de cem mil títulos.

Vou continuar a deixar livros no Projeto. Livro é pra circular, e as pessoas levam o material exposto. Sinal de que alguém está lendo, ainda mais nesse momento que o livro concorre com internet e outros espaços. É também uma forma do autor paraibano ser conhecido fora do seu próprio círculo literário. Invisto nisso. Faço minha parte.


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