Sem
querer anatematizar meus patrícios, mas vou dirigir esse recado censório para
os que se utilizam do projeto que expõe livros para consumo de graça no Espaço
Cultural em João Pessoa.
Pegue
um livro e deixe outro se quiser. Assim funcionam as bibliotecas de rua, uma
ideia que veio com um casal de São Paulo e funciona no Espaço Cultural. A
estante é abastecida pelos que dela se utilizam, mas aqui em João Pessoa, não
sei se em outros lugares, o incentivo à boa leitura tem se transformado em
depósito de lixo. As pessoas despejam lá os livros didáticos, revistas velhas,
catálogos antigos, apostilas técnicas, listas telefônicas, almanaques
ultrapassados e outros entulhos literários. Resultado: sobra lixo e faltam
livros. Outro dia, estava lá uma agenda de 2002, de uma estudante de Bayeux.
Pior: completamente vazia, sem nenhuma anotação a não ser o endereço da moça e
seus números telefônicos de contato. Se ao menos tivesse alguma literatura, um
poema, um recado original. Nada! Levei para reutilizar em 2016. Foi o que encontrei na estante, onde deixo em média dez livros
semanalmente, e só raramente consigo levar um livro decente para ler.
Sejamos
civilizados! Se você não tem ou não quer se desfazer dos seus livros, pegue um
livro na biblioteca de rua, mas não deixe exemplares da Veja de seis meses atrás
ou o Almanaque Capivarol de 1998. Acho asqueroso esse nosso jeitinho de querer
levar vantagem em tudo. Encontrei seis sacos repletos de papeis velhos, ao pé
da estantezinha. O cara fez uma limpeza no seu quarto de despejo e levou o lixo
para o Espaço Cultural.
Eu sei
que a ideia é não ter controle sobre o projeto. Entretanto, sugiro ao pessoal
responsável pelo setor de biblioteca da Fundação Espaço Cultural que façam uma
campanha de conscientização, para que os usuários parem de colocar lixo na
estante. Um funcionário durante alguns dias nas proximidades da estante, para
orientar os doadores sobre o que deve ser deixado no local. E também abastecer com duplicatas da Biblioteca do Espaço Cultural, onde se acumulam
mais de cem mil títulos.
Vou
continuar a deixar livros no Projeto. Livro é pra circular, e as pessoas levam
o material exposto. Sinal de que alguém está lendo, ainda mais nesse momento
que o livro concorre com internet e outros espaços. É também uma forma do autor
paraibano ser conhecido fora do seu próprio círculo literário. Invisto nisso.
Faço minha parte.
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