segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quem lê meu livro (I)


Vomitei um livro de crônicas, como diria meu compadre Erasmo Souto. Intitula-se “A Voz de Itabaiana e outras vozes” e está tendo grande repercussão na minha casa: a mulher já ameaçou tocar fogo na pilha de livros que embaraça o serviço doméstico.

Lendo uma revista semanal, fiquei sabendo que uma moça chamada Thalita Rebouças escreveu um livro e foi apresentar na Bienal do Livro no Rio de Janeiro. Depois de passar o dia todo sentada, esperando compradores para sua obra, a danada perdeu a paciência, subiu numa mesa e começou a gritar:

--- Gente, eu sou escritora, tou aqui pra mostrar meu livro, venham conhecer. Um dia vou ser famosa e vocês terão meu autógrafo!

Hoje ela tem onze livros publicados e já vendeu quase um milhão de exemplares. Thalita escreve para adolescentes falando do cotidiano desses seres tão complexos e tão invocados, uma espécie de auto-ajuda para a puberdade . É um fenômeno que encontre leitores nesta faixa de idade. Mas ela tem uma excepcional vocação para se autopromover. Vende seus livros usando perucas coloridas e distribuindo pirulitos.

Não vou chegar a tanto, mas pretendo usar algumas das técnicas da moça vendedora de livros para desencalhar meu trabalho. Vou tirar fotografias com leitores em potencial e publicar no meu blog. Ela diz que isso funciona. “As pessoas gostam de se ver, mostram pra família, os amigos, e todo mundo acaba comprando o livro”, ensina Thalita.

O primeiro leitor enfocado é a menininha aí de cima. Ela tem seis anos, chama-se Ana Luiza e é analfabeta, por enquanto. Mas como dizem que imagem de criança ajuda a vender, vai a pose de minha sobrinha.

Meu compadre Benjamim se compadeceu do velho Leão e mandou dizer: “Tadim... Homem, me diga quanto é o danado do livro e me mande 10 exemplares para eu presentear meus amigos, escritores, músicos, poetas e filhos de Itabaiana. Tá certo o negócio. Pode mandar (e cobrar!)”

Benjamim declara que eu sou o compilador-mor (o escrivão, o guarda-livros, às vezes sacristão, às vezes piôi de cabaré) de nossa terra. Mandou um causo de Efigênio Moura (esse sim, um escritor de longo curso) que depois eu conto procês aqui. Tem a ver com a difusora de João do Bode, justamente a instituição de que trata meu livro. A difusora intitula-se “A Voz de Itabaiana”.

Benjamim é co-autor do livro e, portanto, tem culpa no cartório. Esta publicação é o melhor livro de crônicas já lançado na Paraíba nos últimos cinco anos. Quem diz não sou eu, que não tenho o defeito do cabotinismo, mas especialistas no assunto. Pode ser verdade. Ou não. Quer pagar pra ver?

Nenhum comentário:

Postar um comentário