quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Não invento nem aumento, mas lamento

Caminhada em defesa do Hospital São Vicente de Paulo, rara manifestação pública do povo itabaianense



Meu compadre Erasmo Souto, meu poeta Sander Lee: estive ontem na terra de vocês e aqui mando o relatório da visita, observador fiel dos moídos provincianos que sou. Encontrei meu amigo Luciano Marinho querendo montar uma escola de sanfoneiro na terra do maior deles que foi Sivuca. Achei a sua ação tão meritória que já me alistei na turma dos ajudadores, que ele precisa de instrumentos, de foles para a garotada aprender a tocar, já que arrumou patrocinador para pagar o mestre. A escola vai funcionar no seu “Café Sivuca”, na Praça Epitácio Pessoa.

No mais, só notícias lamentáveis. Bem que um amigo meu aconselhava temperança aos adesistas mais afoitos, que saíram do ninho do poder local para se agasalhar nos braços do Mago, pensando em vantagens que só um poder maior pode dar. Quebraram a cara. Nem emprego, nem prestígio. É que os cargos públicos da região foram colocados à disposição de Cássio Cunha Lima, e esse rapaz só trabalha com quem tem votos. No caso, a ex-prefeita Didi, de Mogeiro, e o prefeito Tom Maroja, de Juripiranga. Em Itabaiana, os “homens de ouro” de Ricardo Coutinho não têm votos nem pra eleger o “vice-carimbador interino da Comarca de Guarita”, como afirmou um internauta confundido com o Leão velho de guerra, que não inventa nem aumenta, mas lamenta.

Meu compadre Zé Cobal saiu sorrindo e voltou chorando ao aconchego do lar. Filho pródigo que é, recebeu o carinho e atenção da Grande Mãe, com ligeiras admoestações por ter infringido, mesmo de leve, ao código de honra da “Cosa Nostra”.

A propósito, quero registrar que não costumo navegar na internet com nomes falsos. Assumo o que escrevo nessa joça. O anônimo aqui é aquela criança de dez anos que encontrei perambulando pelas ruas de Itabaiana, pedindo dinheiro para comprar craque. O Conselho Tutelar teve que apelar para a Justiça e amarrar o garoto para evitar seu contato com a droga. Mas o pobre menino está solto, necessitando de internação urgente em clínica de recuperação. Foram falar com o vigário local para socorrer a criança. O padre discorreu sobre as causas conjunturais do problema, lamentando que a Paróquia não tenha recursos para arcar com as despesas de internação em clínica especializada.

Enquanto isso, trinta caminhões continuam levando diariamente as areias do rio Paraíba, já que a Prefeitura conseguiu liminar na Justiça para manter a licença de exploração. Dizem que a areia segue direto para o porto de Suape, no Recife, onde é embarcada a peso de ouro para a Europa e Oriente Médio. Sem pretender ser ambientalista, que eu certamente nunca me propus a ser, não deixo de abordar a questão que é de interesse público. Evidentes são os problemas ambientais causados por esse tipo de extração mineral mecanizada. Além de ser atividade incompatível com lei municipal de autoria do ex-vereador Pedro José da Silva. Quem vai recuperar a área degradada? No futuro, alguém vai ser responsabilizado por este crime ambiental, pois é das autoridades públicas a obrigação legal de proteção da natureza.

Assim, continuam degradando o nosso ecossistema, abusando da boa vontade e espírito passivo do povo. Indiferente e apática, a população finge que não vê as crianças drogadas nas ruas e a morte do velho curso de água.

“Tudo isto cansa; tudo isto exaure”, como disse Machado de Assis.

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