O Estado Maior dos Sem
Noção estará reunido hoje à tarde para mais uma sessão de gravação do Multimistura,
uma aula sobre como matar o tempo sem remorso. Trata-se de timecídio em regime
de mutirão. (Timecídio é o crime de assassinato do tempo). Bobalhão é meu ovo
esquerdo. Já tem fila de gente grande pra participar do programa, sob a batuta
do confrade Beto Cigano, rapaz que tem uma líquida carreira pela frente. No
comando dos botões da máquina de fazer besteira, o camarada baiano Dalmo, homem
de fé, de batuque e de amizade. Na retaguarda com o apoio logístico de casa e
comida e mel de tubiba, o coordenador Velosão, um brodão (brode é irmão em
inglês, e brodão, claro, é irmãozão).
Trata-se da
quintessência do besteirol elevado ao quadrado. “Confessamos que no início
ficamos meios neurastênicos”, explicou Beto Cigano, mexendo com o dedo sua dose
de Matuta com limão. “Mas quando, finalmente, o aloprado Mozart bateu o centro
e começou a grunhir os primeiros acordes de abertura do Multimistura, os
locutores debatedores que ainda se encontravam macambúzios levantaram a
cabecinha e a besteira comeu no centro”.
Espera-se a presença do
músico pernambucano Gilberto Júnior e seu som diametralmente oposto,
constituído de ruídos de microfonia com ligeiras batidas de maracatu do baque
solto, com os guerreiros de lança correndo atrás da Calunga e de uma lombriga colorida,
símbolo de um timeco de subúrbio que é a coqueluche dos descamisados.
O som rasgado dos
instrumentos desencontrados dessa banda de metal ouro de tolo disputa na raça o
primeiro lugar nas paradas de ônibus do Geisel/Epitácio depois de meia noite,
hora do vampiro maluco chupar canudinho de beque central e ver assombrações
tipo 200 dançarinas totalmente peladas fazendo lap dance, bundalelê,
quadradinho do oito e a dança da boquinha da garrafa nas ruas escuras do
conjunto do pastor alemão Geisel que dançava funk pancadão com Dilma e Lula do
PT.
Aproveitando a lambança,
os cuspidores de microfone de caraoquê da Rádio Web Zumbi vão fazer uma espécie
de Halloween radiofônico em que não faltarão monstros sagrados, papangus,
vampiros e zumbis. “A ordem é tocar terror com as melhores intenções, discutir
bobagens e inventar algumas mentiras de fontes não reveladas, mas tudo com bom
humor que o imperativo principal é se divertir”, explicou o médium cardecista
anarquista exorcista Dalmo de Ogum.
Sim, e a disque jóquei
atende pelo nome de Madame Preciosa, especialista em Rock and rolla.
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