quinta-feira, 5 de novembro de 2015

MERAS REFLEXÕES



Nesse nosso interessante planeta tem de um tudo, e ainda sobra gente pra tocar sino na catedral do inferno.

Eu queria escrever um conto com o título: “O jantar do profeta”. Talvez desenvolva este tema. Li em livro judeu que, na primeira noite da Páscoa, celebram a festa da libertação. É uma ceia ritual onde a família reunida abre a porta e convida o primeiro que passar. Kol dichfin yetei veyochal (“coma conosco aquele que tem fome” em idiiche) é a frase que se diz nessa noite santificada. No meu conto, imagino quem passaria pela porta dos judeus nessa hora. E como reagiria ao convite para a ceia.

Com sessenta anos de casa, acho que estou incomodando. O pano já está esgarçado. Calças puídas. Mente cansada. Certa repulsa a certos elementos que deveria chamar de irmãos. Acho que permaneço o mesmo enquanto o mundo muda. Isso é ruim, incomoda. Outro dia, alguém me disse francamente: “as pessoas não gostam de você, toleram à força.”

Um poeta cientista criou um poema que derruba muros. Um cientista prático e calhorda transformou o poema em uma arma de guerra.

Crenças morais, sociais e naturais criando ódios sem saída. Até o poeta, envolto em credos, conspira contra a amizade. Dormência afetiva nas quebradas do mundaréu.  

Ordem e processo. Ideais da destra compreensão do mundo.

“Pilastro, esse homem vem nos seguindo desde o petróleo!” (Biu Penca Preta no papel de soldado romano, em palácio) Evangelho segundo João Peão.

Poésis em grego antigo é poesia, mas nem ligo.

Quem se lembra de Tonto, o amigo índio de Zorro? E Lotar, o amigo negro do Mandrake? Índios e negros, sempre coadjuvantes. Como um passe de mágica, a sociedade igualitária desaparece enquanto o medo cresce. Medo de não ser amigo do rei e restaurar o amor próprio.

Está escrito que, quando a humanidade se entregar inteiramente ao bem ou ao mal, o Messias surgirá. E voltará ao ponto de não retorno.  

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