Nesse nosso interessante
planeta tem de um tudo, e ainda sobra gente pra tocar sino na catedral do
inferno.
Eu queria escrever um conto
com o título: “O jantar do profeta”. Talvez desenvolva este tema. Li em livro
judeu que, na primeira noite da Páscoa, celebram a festa da libertação. É uma
ceia ritual onde a família reunida abre a porta e convida o primeiro que
passar. Kol dichfin yetei veyochal (“coma
conosco aquele que tem fome” em idiiche) é a frase que se diz nessa noite
santificada. No meu conto, imagino quem passaria pela porta dos judeus nessa
hora. E como reagiria ao convite para a ceia.
Com sessenta anos de casa,
acho que estou incomodando. O pano já está esgarçado. Calças puídas. Mente
cansada. Certa repulsa a certos elementos que deveria chamar de irmãos. Acho
que permaneço o mesmo enquanto o mundo muda. Isso é ruim, incomoda. Outro dia,
alguém me disse francamente: “as pessoas não gostam de você, toleram à força.”
Um poeta cientista criou um
poema que derruba muros. Um cientista prático e calhorda transformou o poema em
uma arma de guerra.
Crenças morais, sociais e
naturais criando ódios sem saída. Até o poeta, envolto em credos, conspira contra
a amizade. Dormência afetiva nas quebradas do mundaréu.
Ordem e processo. Ideais da
destra compreensão do mundo.
“Pilastro, esse homem vem
nos seguindo desde o petróleo!” (Biu Penca Preta no papel de soldado romano, em
palácio) Evangelho segundo João Peão.
Poésis em grego antigo é
poesia, mas nem ligo.
Quem se lembra de Tonto, o
amigo índio de Zorro? E Lotar, o amigo negro do Mandrake? Índios e negros,
sempre coadjuvantes. Como um passe de mágica, a sociedade igualitária
desaparece enquanto o medo cresce. Medo de não ser amigo do rei e restaurar o
amor próprio.
Está escrito que, quando a
humanidade se entregar inteiramente ao bem ou ao mal, o Messias surgirá. E voltará
ao ponto de não retorno.
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