sábado, 21 de novembro de 2015

POEMA DO DOMINGO



Chico Veneno, o homem que intoxicou a burguesia - (3ª parte)


Voltou a pregar a luta
E a insubmissão
Entre os trabalhadores
Que era a sua missão
Na cidade estacionária
Itabaiana de então.

As “forças reacionárias”
Do primeiro de abril
Trancaram todas as portas
Democráticas do Brasil
Mas Francisco, corajoso,
Se recusa a ser servil.

No jornal EVOLUÇÃO
Continuava a jornada
Fazendo filosofia
Demonstrando, escancarada,
“a pequenez de um tudo
E a grandeza do NADA”.

Outra frase de Francisco:
“Temos poema e encanto
Porque o poeta livre
Falando de paz ou pranto
Não discute a utilidade
E a virtude do seu canto”.

Na cidade Itabaiana
Naquela fase sombria
O Antonio Santiago
Era “autoridade guia”
Chefe supremo da urbe
Quem fazia e desfazia.

O jornalista Francisco
Sem medo e sem covardia
Metia o pau no chefão
No jornal onde escrevia
Apesar de poderoso
Nele de frente batia.

Entre as acusações
Publicadas no jornal
Dizia que Santiago
Trouxe um “sujeito do mal”
Um tal de Tenente Serpa
Só para “baixar o pau”

“Dar surra e prender o povo”
Verdugo da ditadura
Desacatando a cidade
“Mas a fruta ta madura,
Um dia apodrece e cai
Com sua semente impura”.

Cecílio Batista era
Competente jornalista
O “Zé da Silva” afamado
Que d’O Norte era cronista
Filho de Itabaiana
Também entrou nessa lista

Dos que foram espancados
Pelo terrível tenente
Por falar mal do prefeito
Homem muito intransigente
Perseguidor e fascista
Conforme se vê na frente.

Só Chico teve coragem
De denunciar o fato
Por ter um homem de imprensa
Sofrido tal desacato
Narrando no EVOLUÇÃO
Toda vileza do ato.

O Antonio Santiago
Tornou-se seu grande algoz
Reprimindo a liberdade
Sua pena e sua voz
Com denúncias cavilosas
Ao poder supremo atroz

Dos poderosos fardados
Que comandavam a nação
Com mão e testa de ferro
Representando o grilhão
Da dependência econômica
E da vil sub missão

Ao interesse estrangeiro
Conforme a oposição
Que ainda tinha coragem
De falar e dizer “não”
Diante do terrorismo
Da tortura e delação.

Antonio B. Santiago
Foi um ativo informante
Da repressão verde-oliva
Conforme se vê adiante
Registro do EVOLUÇÃO
Daquele tempo inconstante.

Sessenta e duas denúncias
Aos órgãos de segurança
Envolvendo muita gente
Atingidos pela lança
Da delação cavilosa
Onde a memória alcança.

(Do folheto inédito “Chico Veneno, o homem que intoxicou a burguesia”, de Fábio Mozart – Continua no próximo domingo)



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