quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Fazer rádio web é assim meio como abrir uma oficina para consertar disco voador


Menino, vou te contar: quem não tem o que fazer, faz cu de cotia assobiar. Por meio dos poucos privilegiados amigos meus, tenho andado ocupado amarrando peido em cordão, como se diz na minha terra. Isto é, fazendo nada produtivamente, mas enchendo os dias de pura alegria nesse rude esporte de viver aposentadamente sem compromisso, comendo queijo mineiro, bolo de fubá, bebendo suco de uva com os camaradas e conversando abobrinhas. Foi o que fiz ontem, nesta terça-feira novembrina, no Estúdio 1 da Rádio Zumbi que fica no conjunto ditador Ernesto Geisel, na casa do meu compadre Dalmo Oliveira e da comadre Fabiana Veloso, com os menestréis da vida mansa Marcos e Beto Palhano. Foi a terceira gravação do Multimistura, uma espécie de mesa redonda pra falar mal de Deus, do mundo e principalmente do submundo. O programa vai ao ar todo dia, em reprise enquanto não sai a próxima edição, na Rádio Web Zumbi dos Palmares, precisamente às 10 horas da manhã, no endereço: www.radiozumbijp.blogspot.com

Do alto de minha boçalidade, eu sentencio: o desejo das pessoas simples de viver em camaradagem e fazendo alguma coisa útil para a humanidade é a chave de todo conflito que rege a trama de la vida. Concorda? Nessa crise onde estamos usando papel higiênico na frente e no verso, abdicamos de alguns trocados para reformar o instrumental da rádio. Uma rádio web que ninguém escuta.

Nós abdicamos de alguns momentos de nossa improdutiva vidinha social para inventar esse negócio de fazer comunicação popular, mexer com rádio, jornal de bairro e internet, mangar do mercado editorial e lançar livros de poesia que ninguém lê, entre outras roubadas.

Dalmo Oliveira quedou-se mortalmente apaixonado pelo fazer comunicacional via ondas do rádio quando, aos quinze anos, foi contratado para atuar como caboman da Rádio Rural de Guarabira, sua terra natalícia. Sonhava em tornar-se um radialista. Passou dias saboreando seu papel secundário numa transmissão de partida de futebol onde o locutor anunciava a equipe técnica, com seu nome no final da lista, responsável por espalhar e organizar os fios e cabos da transmissão. De lá pra cá, trabalhou em rádios comerciais, com resultados financeiramente pífios. Desistiu de viver de rádio, formou-se em jornalismo e hoje é diletante do rádio comunitário, obreiro dessa guerra sem quartel e sem comandante pela democratização das comunicações.

Fazer rádio web é assim meio como abrir uma oficina para consertar disco voador. Nosotros, da geração mimeógrafo, curtidores e produtores de fanzines malucos e anônimos pelo simples prazer de jogar na roleta da sorte nossos quadrinhos, poemas e bobagens generalizadas, temos hoje, na rádio web, o canal ideal para dar vazão às nossas eventuais produções. É de graça, não precisa ter responsabilidade com a periodicidade das edições, liberdade editorial quase total e sem dar satisfações a nenhum feladaputista burocrático do Governo castrador e discricionário.

Se tivermos um ouvinte deste programa Multimistura, ele poderá enviar mensagem para meu emeio (mozartpe@gmail.com) respondendo à pergunta: “você gosta mais do amarelo-diarreia ou do vermelho-hemorragia?” Daí, você ganhará um brinde surpresa de fim de ano do nosso programa.

Começa às 10 horas de hoje, quarta-feira, na Rádio Zumbi:


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