Menino, vou te contar: quem não tem o que fazer, faz cu de cotia
assobiar. Por meio dos poucos privilegiados amigos meus, tenho andado ocupado
amarrando peido em cordão, como se diz na minha terra. Isto é, fazendo nada
produtivamente, mas enchendo os dias de pura alegria nesse rude esporte de
viver aposentadamente sem compromisso, comendo queijo mineiro, bolo de fubá, bebendo
suco de uva com os camaradas e conversando abobrinhas. Foi o que fiz ontem,
nesta terça-feira novembrina, no Estúdio 1 da Rádio Zumbi que fica no conjunto
ditador Ernesto Geisel, na casa do meu compadre Dalmo Oliveira e da comadre
Fabiana Veloso, com os menestréis da vida mansa Marcos e Beto Palhano. Foi a
terceira gravação do Multimistura, uma espécie de mesa redonda pra falar mal de
Deus, do mundo e principalmente do submundo. O programa vai ao ar todo dia, em
reprise enquanto não sai a próxima edição, na Rádio Web Zumbi dos Palmares,
precisamente às 10 horas da manhã, no endereço: www.radiozumbijp.blogspot.com
Do alto de minha boçalidade, eu sentencio: o desejo das pessoas
simples de viver em camaradagem e fazendo alguma coisa útil para a humanidade é
a chave de todo conflito que rege a trama de la vida. Concorda? Nessa crise
onde estamos usando papel higiênico na frente e no verso, abdicamos de alguns
trocados para reformar o instrumental da rádio. Uma rádio web que ninguém
escuta.
Nós abdicamos de alguns momentos de nossa improdutiva vidinha
social para inventar esse negócio de fazer comunicação popular, mexer com rádio,
jornal de bairro e internet, mangar do mercado editorial e lançar livros de
poesia que ninguém lê, entre outras roubadas.
Dalmo Oliveira quedou-se mortalmente apaixonado pelo fazer
comunicacional via ondas do rádio quando, aos quinze anos, foi contratado para
atuar como caboman da Rádio Rural de
Guarabira, sua terra natalícia. Sonhava em tornar-se um radialista. Passou dias
saboreando seu papel secundário numa transmissão de partida de futebol onde o
locutor anunciava a equipe técnica, com seu nome no final da lista, responsável
por espalhar e organizar os fios e cabos da transmissão. De lá pra cá,
trabalhou em rádios comerciais, com resultados financeiramente pífios. Desistiu
de viver de rádio, formou-se em jornalismo e hoje é diletante do rádio
comunitário, obreiro dessa guerra sem quartel e sem comandante pela
democratização das comunicações.
Fazer rádio web é assim meio como abrir uma oficina para consertar
disco voador. Nosotros, da geração mimeógrafo, curtidores e produtores de
fanzines malucos e anônimos pelo simples prazer de jogar na roleta da sorte
nossos quadrinhos, poemas e bobagens generalizadas, temos hoje, na rádio web, o
canal ideal para dar vazão às nossas eventuais produções. É de graça, não
precisa ter responsabilidade com a periodicidade das edições, liberdade
editorial quase total e sem dar satisfações a nenhum feladaputista burocrático
do Governo castrador e discricionário.
Se tivermos um ouvinte deste programa Multimistura, ele poderá
enviar mensagem para meu emeio (mozartpe@gmail.com)
respondendo à pergunta: “você gosta mais do amarelo-diarreia ou do
vermelho-hemorragia?” Daí, você ganhará um brinde surpresa de fim de ano do
nosso programa.
Começa às 10 horas de hoje, quarta-feira, na Rádio Zumbi:
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