Nelson
Rodrigues disse que alguém disse, certa vez, o seguinte: - o único erro que
justifica o fuzilamento é o erro de revisão. Parece piada, mas nem tanto, nem
tanto. Qualquer autor, vivo ou morto, tem cravado, na carne e na alma, um erro
de revisão.
E segue a gostosa crônica gramatical do velho e bom Nelson: “No Brasil de hoje, é mais fácil achar uma girafa do que um gramático. E, se por acaso, ainda existir algum neto retardatário e obsoleto dos antigos gramáticos, será ele o primeiro a fingir-se analfabeto. Não reparem que eu misture os tratamentos de 'tu' e 'você'. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.”
Minha revisora Jandira Lucena está com
os originais do meu livro “Artistas de Itabaiana” há bastante tempo, que essa
professora é muito exigente e ciente da importância do seu trabalho. Faz
questão de passar o texto várias vezes. Quem escreve sabe que precisa
de uma segunda olhada no texto para detectar eventuais erros factuais,
gramaticais ou de ortografia. Os mais caprichosos
repassam até cinco vezes o texto. Um erro pode comprometer uma obra, levando
para o fundo também o nome do revisor e da editora.
Um olhar de estranho
é fundamental para detectar erros. Tem gente que imprime o material e lê em voz
alta para ouvir bobagens na construção das frases. Outros tentam enganar o
cérebro, modificando o formato do texto (mudando a cor, a fonte).
Amigo meu pediu um
texto introdutório para seu livro. A edição saiu com um erro vergonhoso:
prefácil. Abaixo do texto, meu nome. Não sei quem foi esse luminar da revisão
que desmoralizou meu texto, mas, deixa isso pra lá. O título do livro não vou
dizer pra não ferir os chamados brios do autor, meu compadre e amigo sincero e
popular. Entretanto, faço um apelo a todos os leitores, ratos de biblioteca,
fuçadores de sebos, detetives, investigadores e colecionadores de livros:
quando virem um livro cujo prefácio virou “prefácil”, façam o favor de me
avisar para o devido resgate e queimação na fogueira santa das regras gramaticais.
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