Irene Marinheiro, da Comissão da Verdade |
O cronista Marcos Tavares afirma que o mundo é uma mentira.
Trechos do texto: “Eva mentiu? Essa dúvida filosófica nos atormenta desde o
paraíso. O que é a história humana senão uma coleção gigante de mentiras?
Cleópatra mentiu a Júlio César, mentiu a Marco Antônio e só revelou a verdade à
cobra. Joana D'arc mentiu passando-se por homem para impressionar o rei francês
e nem por isso foi ou é menos santa. Pedro, a pedra angular do cristianismo,
mentiu antes do galo cantar e continua o mesmo Pedro”.
Lourenço Diaféria disse um dia que o cronista “precisa fingir que
faz crônicas por divertimento e que trabalha por não ter o que fazer”. No Dia da Mentira, o cronista aqui, cheio de
insegurança, com o pensamento vago e sem solidez, esse velho Leão controverso e
geralmente equivocado, vem fabricar sua pequena crônica acompanhando a evolução
da mentira, evitando passar trote nos seus quatro ou cinco leitores, louvando o
trabalho da Comissão da Verdade na Paraíba, onde atua minha professora Irene
Marinheiro, a comissão que quer acabar com cinquenta anos de mentiras sobre a
real natureza dos anos de chumbo da ditadura militar e seus crimes contra a
humanidade, imposturas que tiveram início em um 1º de abril.
No Dia da Mentira, viva a verdade dessa comissão e seus dignos
membros. A democracia vive da verdade,
embora a mentira seja seu contraponto mais comum.
Quanto às minhas verdades e mentiras particulares, fecho a
croniqueta com Somerset Maugham, romancista e dramaturgo britânico: “Não faça
perguntas e não ouvirá mentiras.”
Torno a fechar com Lau Siqueira: “Escute
atentamente as emissoras de rádio e TV. A grande maioria mente todos os dias. A
notícia virou um produto de interesse político ou comercial. A verdade ainda é
a notícia que não se vende.”
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