Pedalando
pelo bairro de Jaguaribe, fui clicado pelas lentes da câmera do compadre Bala,
um sujeito folclórico neste espaço de João Pessoa, o bairro do cronista Carlos
Pereira de Carvalho que, com seus 72 anos de idade, escreve crônicas a respeito
de Jaguaribe e lê seus trabalhos na Rádio Tabajara. Esse também é o lugar de
moradia de figuras como meu considerado compadre Humberto de Almeida,
escrevinhador de um blog que tem milhões de acessos pelo valor e originalidade
dos seus escritos. O filho de compadre Heráclito e dona Chiquinha, morador das
ruas Senhor dos Passos e 12 de Outubro e de todas as vias e becos de seu velho
Jaguaribe, malabarista de palavras, disse que só sai de Jaguaribe morto e bem
morto, mas não sai assim de todo não. Mesmo depois de passar desta pra melhor,
ficará por aqui sua verve plural e sua alma, claro, se a mesma existir,
conforme desconfia seu lado místico.
Queria
ter o talento de Humberto para desenhar umas mal traçadas sobre esse lugar onde
moro há mais de 14 anos. Como me falta o talento escrivacional (sei que a
palavra não existe), eu paro e sento nas margens do rio Jaguaribe, no vale do
mesmo nome, refletindo sobre a degradação deste que é o maior rio urbano da
capital Parahyba do Norte. Suas águas correm totalmente dentro do perímetro
urbano, então imaginem as agressões que sofre ao passar por Varjão, Cruz das
Armas, Jaguaribe, Castelo Branco, Manaíra e Tambaú, até desaguar no meu querido
rio Paraíba, outro que é obrigado a comer o famoso pão que o diabo amassou em
sua caminhada desde o cariri até o Atlântico. É descarga de poluentes, é
barramento, é lixo, é esgoto clandestino que as águas do Jaguaribe quando
passam pelo jardim botânico, uma área de proteção permanente, chega clamam por
revitalização antes que vire um rio morto.
Não
chorei pelo rio Jaguaribe e sua morte anunciada por causa da poluição urbana do
entorno. Antes, me deu aquela fúria infrutuosa e impotente por saber que nosso
rio levou uma facada mortal de um grupo empresarial em Manaíra, dono de um
shopping praquelas bandas, que praticamente selou a relação do seu curso, crime
ambiental amparado e encoberto por um governante que nasceu e se criou no
bairro Jaguaribe, intervenções agressivas feitas na Capital em nome do capital
e dos arrumadinhos políticos. O rio não tem mais forças para fluir. Não tem
mais como enfrentar o mar, perdeu suas forças. Só restam poças d’águas paradas
e contaminadas em sua foz. Um ecossistema com elevado potencial produtivo de
suporte à vida, condenado à morte pela insensatez capitalista. É nas gerações
futuras que penso, sentado às margens do moribundo porque, com a morte do baixo rio
Jaguaribe, uma geografia se transforma, a história da cidade perde suas
lembranças e a relação da natureza com o ambiente cada vez mais se corrompe e
desfigura.
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