Quero aqui fazer este registro sobre
meu compadre e parceiro de batalhas culturais, o artesão Rosival José da Silva,
matador de mosquito, agente de meio ambiente, vacinador de cachorro e videasta
nas horas vagas.
Foi um dos primeiros a assumir a ideia
do Ponto de Cultura, que por sua vez parte da visão de que a solução dos
problemas está nas próprias pessoas. Aposta-se na autonomia e protagonismo
social, sem assistencialismo, sem dependência de Governo, sem controle nenhum. No
Ponto, Rosival começou fazendo oficina de mosaico artístico, depois passou a
mestre neste ofício. Na música, aprendeu com o mestre Vital e o maestro Antonio
Maurício e hoje ensina violão para crianças, além de tocar alfaia no grupo
Ganzá de Ouro.
Cabra dessa qualidade é que move
montanhas, um trabalho provocativo e reativo, influenciando as pessoas, abrindo
novas perspectivas nas vidas de jovens. A cidadania neste caso está presente e
configurada nas ações de um cara desses, que tira do próprio bolso os poucos
recursos para continuar em sua missão civilizatória. Gente de boa índole que
não falta em minha cidade, só precisa de incentivo e atenção, sem paternalismo.
No próximo dia 10 de abril, eu vou com
Rosival para Campina Grande, participar da Teia Paraíba, o grande encontro de
Pontos de Cultura no Estado. Conosco vai também o Marcos Veloso para lançar seu
vídeo sobre o poeta Fernando Pessoa. Lá vamos dar de cara com outros ventos do
bem, outras ideias com a mesma força das coisas feitas com dedicação e
abençoadas pela força da cultura viva. É vero que que nesse caldo tem muita
gente que se alimenta de suas próprias vaidades. Esses, ficam pelo caminho. Não
contam para somar nessa nossa cruzada para diminuir a imensa dívida cultural
para com as novas gerações.
BAIANO VELHO VAI NASCER DE NOVO
Meu compadre Dalmo Oliveira, a quem
chamamos Baiano velho, está saindo do ritual de iniciação do Candomblé neste
sábado. Vamos estar lá, na hora em que ele nascer. Sim, porque o
ritual de iniciação no Candomblé, a feitura no santo, representa um
renascimento, tudo será novo na vida do yàwó, ele receberá inclusive um nome
pelo qual passará a ser chamado dentro da comunidade do Candomblé. Baiano velho
passou 21 dias no recolhimento, na reclusão, tomando banhos, boris, ebós,
aprendendo as rezas, as danças e as cantigas dos orixás. Rasparam o cabelo do
Baiano velho, e neste sábado será a festa ritualística que marca a saída de
Y’awó.
A partir
daquele momento, ele nunca mais estará sozinho na sua caminhada. Eu e compadre
Beto Palhano vamos ouvir os atabaques e saudar o velho Baiano Dalmo Oliveira,
com a permissão do Orixá, no início dos seus novos caminhos.
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