Viajar em taxi lotação tem suas vantagens e
desvantagens, como tudo o mais. É mais rápido, deixa na porta de casa e você
fica sabendo das últimas fofocas. Desvantagens: pegar o lugar do meio no banco
traseiro e ter que ouvir a música ordinária que o motorista bota no som do
carro. Na qualidade de alternativos, esses motoristas não ligam muito também
para a higiene pessoal e a aparência. A maioria trabalha de bermuda, barba por
fazer, chinelas havaianas e desodorante vencido. O ruim mesmo é ter que aturar
o gosto musical desse povo. De vez em quando, o distinto passageiro se vê no
meio de uma perseguição cinematográfica envolvendo o carro lotação e a Polícia
Rodoviária. É que alguns lotações aproveitam o fato de serem clandestinos e
trafegam sem documentação ou com excesso de passageiros. Emoção pura!
Mas a pior parte é mesmo o som ambiente. Até
tolero as paradinhas nos postos para botar gás automotivo, os desvios de rota
para fugir da fiscalização. O diabo é o som bem alto tocando o CD de Calcinha
Preta e outros cocôs. Parece que fazem de maldade mesmo, mas não é. Querem
agradar o cliente. No meu caso, enche o saco. Pior é que fico constrangido de
mandar parar a tortura. O carro é dele, o som também, e não me vejo utilizando
um serviço público. No máximo, seria um carona pagante. Vez em quando peço pra diminuir
o som, alegando dor de cabeça. Fico com a impressão de que os demais
passageiros me vêm como um criador de caso.
Ontem, embarquei no ônibus da Jonas Turismo
que ganhou a concessão da linha João Pessoa/Itabaiana. Carro novo, confortável.
Para distrair, alguns monitores rodando música sertaneja, forró bundinha e
outras “pérolas”. Essa praga está por tudo quanto é lado. Fiquei temendo a hora
de botarem funk pra completar. Ainda se reclama porque o sujeito usa seu carro
particular. O transporte público é uma lástima. Só fui de ônibus porque meu
carro velho está quebrado. Voltei de alternativo. Pelo menos tenho o direito de
mandar diminuir o som e não sou obrigado a ficar vendo caras, bocas e bundas de
cantores medíocres.
Dentro daquele ônibus, forçado a ouvir e ver
o lixo musical da Viação Jonas Turismo, lembrei do meu compadre Geraldo
Caranguejo: “Entre o inferno e o purgatório, prefiro o inferno que no purgatório
você fica o tempo todo ouvindo choro de criancinhas pagãs. Tem coisa mais
chata?”
Pior que tem: ouvir repertório de empresa de
ônibus vagabunda, sem o mínimo de civilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário