terça-feira, 24 de abril de 2012

Fatos pitorescos da bola




UM TAL DE PELÉ

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O ano: 1957. O técnico Vicente Feola convoca para a seleção brasileira de futebol um menino chamado Pelé para disputar o mundial da Suécia no ano seguinte. Em Itabaiana, o alfaiate e desportista Virgílio de Assis leu a notícia no Diário de Pernambuco, na tipografia de Nabor.

--- Mas veja só esse Feola, convocar um garoto por nome Pelé. Um cara com um nome desses não pode jogar bola!


PRISÃO DOMICILIAR

Virgínio de Assis era auditor da Junta Disciplinar Desportiva da Liga Itabaianense de Futebol. Em julgamento, o sapateiro e juiz de futebol conhecido por Dão, acusado de cometer erros mais do que grosseiros em uma partida do campeonato. Voto de Virgínio: “Eu voto pela prisão domiciliar do juiz pelo prazo de 30 dias”.

O mais pitoresco: a decisão foi acatada. Dão ficava de dia em Campo Grande, e à noite vinha escondido para Itabaiana, tomar cana no cabaré e conversar sobre futebol na sede do União Sport Clube. É que, à noite, Virgínio não costumava sair de casa.


CABO TOTÔ

O dublê de corneteiro e técnico de futebol Cabo Totô comandava o União Sport Clube com seu jeito bonachão, amigo de todo mundo. Sabe a lenda do técnico que atirava as camisas para o alto, na hora da escalação? Jogava quem pegasse camisa. Pois com Cabo Totô acontecia isso. Sem querer deixar ninguém de fora, muitas vezes apelava para o método. Reunia os jogadores e gritava:

--- Atenção rapaziada! Vou jogar as camisas para o alto. Quem pegar, ta escalado. Mas eu aviso logo: quem jogar ruim fica fora do próximo sorteio.


BOTAFOGO DA MALOCA

O Botafogo de Zé Dudu não tinha plano de jogo, mas tinha plano para após o jogo: todo mundo tomar birita na sede do time, no bairro Maloca. O lateral esquerdo Zé Dudu, dono do time e péssimo jogador, criticado pelo técnico porque estava marcando mal o ponteiro adversário, saiu-se com essa: “Eu não sou soldado pra desarmar ninguém”. O time estava ganhando pelo placar mínimo, final de jogo. O técnico pede pra Zé Dudu reter a bola, gastar o tempo. Dudu, que não tinha intimidade com a redonda: “E eu sou lá abelha pra fazer cera?”.


CAPELENSE

Capelense começou jogando no Botafogo de Zé Dudu, depois atuou no Botafogo de João Pessoa, passou pelo Campinense, transferiu-se para o Belenenses de Portugal, onde fez história como jogador e depois com treinador. Matuto, quando chegou para treinar no Botafogo da Paraíba foi alvo das chacotas dos companheiros:

--- Itabaiana, tu jogas de que?

--- Eu jogo de meia direita.

--- Pois aqui a gente joga de chuteiras!


CAVALO NO CAMPO

Lima de Itabaiana atuou no futebol pernambucano e do Rio Grande do Norte. No Vila Nova, era um ponta esquerda veloz, de chute forte e certeiro. Foi ídolo do Treze de Campina Grande. Numa partida contra o União, foi duramente marcado pelo lateral. Saiu do jogo reclamando:

--- Tem um cavalo calçado de chuteira aí no campo!


CONCENTRAÇÃO

O Sport Club de Itabaiana formou um bom time para disputar o campeonato, querendo quebrar a hegemonia de União e Vila Nova. O centro-avante era Boró, baixinho veloz e goleador. Na véspera do jogo contra o Vila Nova, Marcos Veloso, Luiz Paraíba e Zito Oliveira, diretores do clube, fizeram esforço e concentraram o plantel em uma fazenda perto de Guarita. 

Na hora do jantar, serviram cuscuz com ovo e café. Boró indignou-se: 

--- Cuscuz eu como em casa mesmo!

E foi embora. 


PERNAMBUCO VOCÊ É MEU

Manoel Amaro era o maior juiz da Federação Pernambucana de Futebol. Foi contratado para apitar uma decisão entre Vila Nova e União. No intervalo, perguntou:

--- Esclareçam: aqui é Paraíba ou Pernambuco?

É que os rádios dos torcedores só transmitiam o futebol de Pernambuco pelas ondas da Rádio Clube, única emissora a ser captada na cidade.

(Do livro inédito “Fatos pitorescos do futebol”, de Arnaud Costa)

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