Orlando Otávio é cantor e compositor do fervente e
fervoroso Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, ´poeta que faz dupla com seu
irmão, Agenor Otávio no mister de cantar afinado com suas sofrências e seus
amores itabaianenses. Ele diz que bebe nas fontes de Sivuca, de quem é primo
carnal, e manda bem no cordel, sendo o dito cujo Orlando já eleito imortal da
Academia Paraibana de Literatura de Cordel, a ser inaugurada com as bênçãos dos
vates Sander Lee, Vavá da Luz, Heleno Alexandre, Biu Salvino e outros que se
enquadram no papel de cordelistas, igual ao compadre Josafá de Orós, um dos
principais xilogravuristas vivos da Paraíba do Norte, embora nascido no Ceará,
o poeta Esperantino de Orobó, Pernambuco, e Francisco Diniz, de Santa Rita.
Quero aqui preservar a produção de quem cultiva a
poesia popular, chamada literatura de cordel. “Quando Deus quer, até o diabo
ajuda”, confirma meu compadre Vavá da Luz, mestre do verso fescenino, um lado
muito apreciado do folheto. Lá do Rio Grande do Norte vem chegando banhado na
franqueza e na bonomia, meu estimado amigo Bob Motta, outro que vai assinar o
livro de fundação da Academia. Sem dogmas e sem fé, acredito na força de
vontade e no amor pela literatura popular do meu estimado pastor Antonio
Costta, outro que vem de Pilar para sentar na cadeira do grande mestre Manoel
Xudu.
De Itatuba vem outro grande cantador cujo nome
agora me foge à memória. Precisa mais? Precisa, pra dar quórum e prestigiar os
que ainda se expressam através da arte do cordel, o qual vem perdendo seu
local, seu leitor e seu ouvinte. Precisa manter aquele sentimento de pertença a
um grupo, o desses homens e mulheres com suas rimas e seu humor, seus
sentimentos mais puros voando com suas asas quebradas pelos céus límpidos de um
Nordeste que talvez não exista mais, em choque direto com as contradições do
poder midiático que nos ignora.
Recentemente, um vereador de Itabaiana quis levar
meu livro “História de Itabaiana em versos” para o currículo escolar da cidade,
para despertar a vontade da juventude de ler e gostar de cordel. Seu projeto
foi derrotado. Faz parte do jogo onde a gente aprende e desaprende. Que me
importa o descompromisso dos outros, se a faísca da poesia sempre nos olha
amorosamente e pede que a gente mire a parte principal de la vida?
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