domingo, 9 de novembro de 2014

Somos todos imortais


Orlando Otávio é cantor e compositor do fervente e fervoroso Ponto de Cultura Cantiga de Ninar, ´poeta que faz dupla com seu irmão, Agenor Otávio no mister de cantar afinado com suas sofrências e seus amores itabaianenses. Ele diz que bebe nas fontes de Sivuca, de quem é primo carnal, e manda bem no cordel, sendo o dito cujo Orlando já eleito imortal da Academia Paraibana de Literatura de Cordel, a ser inaugurada com as bênçãos dos vates Sander Lee, Vavá da Luz, Heleno Alexandre, Biu Salvino e outros que se enquadram no papel de cordelistas, igual ao compadre Josafá de Orós, um dos principais xilogravuristas vivos da Paraíba do Norte, embora nascido no Ceará, o poeta Esperantino de Orobó, Pernambuco, e Francisco Diniz, de Santa Rita.

Quero aqui preservar a produção de quem cultiva a poesia popular, chamada literatura de cordel. “Quando Deus quer, até o diabo ajuda”, confirma meu compadre Vavá da Luz, mestre do verso fescenino, um lado muito apreciado do folheto. Lá do Rio Grande do Norte vem chegando banhado na franqueza e na bonomia, meu estimado amigo Bob Motta, outro que vai assinar o livro de fundação da Academia. Sem dogmas e sem fé, acredito na força de vontade e no amor pela literatura popular do meu estimado pastor Antonio Costta, outro que vem de Pilar para sentar na cadeira do grande mestre Manoel Xudu.

De Itatuba vem outro grande cantador cujo nome agora me foge à memória. Precisa mais? Precisa, pra dar quórum e prestigiar os que ainda se expressam através da arte do cordel, o qual vem perdendo seu local, seu leitor e seu ouvinte. Precisa manter aquele sentimento de pertença a um grupo, o desses homens e mulheres com suas rimas e seu humor, seus sentimentos mais puros voando com suas asas quebradas pelos céus límpidos de um Nordeste que talvez não exista mais, em choque direto com as contradições do poder midiático que nos ignora.

Recentemente, um vereador de Itabaiana quis levar meu livro “História de Itabaiana em versos” para o currículo escolar da cidade, para despertar a vontade da juventude de ler e gostar de cordel. Seu projeto foi derrotado. Faz parte do jogo onde a gente aprende e desaprende. Que me importa o descompromisso dos outros, se a faísca da poesia sempre nos olha amorosamente e pede que a gente mire a parte principal de la vida? 

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