A Escola Municipal Manoel Alves de Araújo, de Pilar,
organizou um pelotão onde destacou o prédio do antigo Instituto Nossa Senhora
do Carmo, do professor Eugênio Lauro Maciel Monteiro, fundado em 9 de janeiro
de 1908 na cidade de Itabaiana. Este educandário ficou conhecido no Brasil e no
mundo através da obra do escritor pilarense José Lins do Rego, que dedicou um
livro inteiro, “Doidinho”, à sua vida estudantil na cidade de Itabaiana,
perpetuando a casa na literatura brasileira. De lá, José Lins foi estudar no
Colégio Diocesano Pio X, na capital Parahyba, em 1914.
O Colégio do professor Maciel consistia em dois casarões que
ainda hoje se mantém de pé. Num deles funciona a Loja Maçônica Duque de Caxias,
e o outro, ao lado, serve de sede para o Ponto de Cultura Cantiga de Ninar.
Neste, os alunos internos do Instituto Nossa Senhora do Carmo tinham seu
dormitório e refeitório e onde se realizavam as cerimônias religiosas em uma
capelinha que hoje não existe mais.
Quem me falou do desfile cívico de Pilar e da homenagem ao
casarão, cenário dos verdes anos do grande escritor paraibano, foi o diretor da
Escola Manoel Alves de Araújo, o historiador Mário Augusto, autor de um livro
sobre Pilar.
A casa que inspirou uma das mais importantes obras literárias
do Brasil, ou o que resta dela, precisa urgentemente de um trabalho de reforma
e processo de tombamento. Temos a sorte e o azar de ocupar aquele prédio
histórico com um projeto cultural que sobrevive sem recursos, graças à abnegação
de meia dúzia de itabaianenses. Sorte porque é num ambiente com essa carga
histórica onde nos inspiramos para promover cursos artísticos, mostras e outras
atividades ligadas à literatura; azar porque atuamos dentro de uma realidade restritiva
e dependente, onde os chamados poderes públicos atuam, ou não, sobre velhas
estruturas baseadas no populismo inconsequente, nas quais a sedução e o engano
escondem a falta de compromisso com coisas essenciais para a vida de uma
comunidade, que é o respeito ao passado e à cultura.
Em nome de Itabaiana e dos seus valores, que ainda resistem,
agradecemos a Pilar, especialmente ao professor Mário Augusto, pela homenagem
ao nosso patrimônio cultural, talvez um dos mais importantes da cidade,
essencial dentro da necessidade coletiva de conquista da identidade.
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