sábado, 29 de novembro de 2014

Bem aventurados os alegres e sinceros amigos, porque deles é o Reino de Vavá

Vavá, de bigode branco, com amigos

Vavá da Luz é um piadista, gozador e bon-vivant que mora em Ingá do Bacamarte, figura a quem tive o prazer de conhecer ano passado em uma entrevista no nosso programa radiofônico Alô Comunidade. Hoje, ele está brindando aos seus setenta e poucos anos. Sendo um sujeito dócil, quando bem alimentado, Vavá gosta de reunir os amigos em sua fazenda Senzala para, entre outras coisas, exercitar a masturbação afetiva, que é a prática do amor próprio. Falar dele, de sua vida que é um livro aberto e escandalosamente cínico, cheio de lances hilariantes, erros grosseiros, acertos fenomenais, cagadas homéricas e farras idem. O homem é adepto da filosofia do velho Ameba: “Tente outra vez. Erre outra vez. Erre melhor”.

Meu compadre Vavá da Luz é um desses caras que espantam a morte com cacetadas de humor. Se a gente não se defender da vida, ela nos matará. Defendo a tese de que temos um santo em cada esquina. Resta saber quem se digna a ser uma pessoa humana sem culpa, sem frescura e disposto a enfrentar o espelho todos os dias e rir da própria cara. Esses santos são os que se sobressaem.

Na Senzala de Vavá da Luz cabe todos nós, humanos, simples, cordatos, bem humorados, bêbados e filósofos, tarados e assexuados, loucos e sérios, azedos e animados, bestas e vesgos de idiotice. Enfim, Vavá é um homem que tem um coração universal, acolhedor dos amigos e implacável com os inimigos. Esses, ele traça com sua poesia ferina. Enquanto a turma luta por mais dinheiro e mais poder, Vavá mostra suas bundas sujas e rotas. É assim o humor em geral. Vavá da Luz é um humorista enfraquecedor do poder dos cínicos e vis, como deve se comportar todo palhaço que se leve a sério. (Levar a sério é força de expressão, se me entendem...)

A picareta e falsa bruxa Madame Preciosa tentou, sem sucesso, manter um caso amoroso com Vavá da Luz, prometendo mundos e fundos e, no fim, dando só o que tem. Essa divindade do panteão moderno da picaretagem mística foi quem ensinou Malafalha a meter a mão santa nos bolsos do proletariado abestado, mas, com Vavá da Luz ela se deu mal. Queria porque queria fundar com Vavá uma seita cultuando a vida no Paraíso, todo mundo nu e solto, soltando a franga no pomar primordial, pregando a liberação da mulher e a sociedade do matriarcado, onde ela teria autoridade sobre os homens, que passariam a comer em sua mão e beber em sua buça. Em determinado trecho do catecismo de Preciosa, teria a foto dela com Vavá, os dois despidos de roupa e de vergonha nas fuças, com a legenda: “Eva e Adão.”

--- Viadão é o caray! – disse Vavá da Luz, abandonando a megera em sua mata, fundando em seguida uma nova seita islâmica, bundista e trocista, cujo sacerdote será Tião Lucena, prometendo salvar as almas depenadas e encher os copos vazios na grande festa de iniciação na fazenda Senzala.

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