Necrológio do poeta

Ronaldo recebeu o Troféu Zé da Luz da Sociedade Amigos da Rainha do Vale do Paraíba, em Itabaiana - 2004 (Foto: Fábio Mozart)

Nesta manhã de sábado, tomei conhecimento pelas redes sociais da morte do poeta Ronaldo Cunha Lima. Fiquei pensando que necrológio ele escreveria para sua própria morte. Como desejaria ser sepultado.

Ronaldo era um grande poeta. Nem precisa dizer mais nada.

Em 2004, entregamos a ele o Troféu Zé da Luz do mérito cultural na Sociedade Amigos da Rainha do Vale do Paraíba, em Itabaiana. O advogado Ronaldo Cunha Lima trabalhou com meu pai, o rábula Arnaud Costa, nas lides jurídicas, inclusive nos tribunais de São Paulo. 

Acho que o poeta gostaria de ter um enterro conforme pensou o também poeta Zé Rodriz: “Peço parcimônia nos eflúvios emocionais: já as risadas devem ser francas e sem limite. Creio inclusive que prepararei com antecedência uma fita de piadas gravadas para animar o velório e manter o pessoal na boa”.  

No programa de TV “O céu é o limite”, eu rapazinho assistindo à performance de Ronaldo Cunha Lima respondendo sobre a vida de Augusto dos Anjos em versos, ficava a me perguntar: “Como pode um ser humano ter tamanha capacidade e agilidade mental?” 

Na vida pública, Ronaldo foi grande tribuno e administrador mediano. “É uma pena que o fascínio da política tenha exercido grande poder sobre a vocação do poeta”, disse Gonzaga Rodrigues, da Academia Paraibana de Letras.

“Os poetas não morrem! Eles viajam num tempo infinito, metaforizando suas vidas em imagens coloridas que permanecem vivas aos olhos dos leitores.” (Divanira Arcoverde)