A Chikungunya é uma doença viral, feito essa onda
fascista que varre o Brasil, pedindo quebra da ordem constitucional e regimes
duros contra a corrupção, sem saber, ou sem
querer saber que nos regimes autoritários, as forças vivas da sociedade são
subjugadas e reprimidas, onde os donos do poder usam e abusam da máquina
pública em favor dos seus interesses, sem ninguém para reclamar.
Na verdade, a Chikungunya veio da Tanzania. O nome significa
“homem encurvado”, porque a doença faz você se curvar, ficar aleijado, troncho
e agoniado. Fiquei quatro dias de cama e mais vinte dias aguentando os efeitos
colaterais da peste: artrose nos joelhos e nas mãos, inflamação anal, coceira,
vermelhão e dores estranhas em partes variadas do corpo. A febre alta e o mal
estar duraram quatro dias. Doem até as unhas. Ainda agora, dias há em que os
joelhos não respondem ao comando de levantar pela manhã.
Mas, é preciso acreditar na missão, senão a gente desanima. E
a missão é fazer bem nosso trabalho. Há dúvidas sobre a necessidade desse
trabalho, ou de sua eficiência. Passa, por exemplo, uma pergunta sobre esse
instante em que vivemos. Será que passou a hora da gente assumir a tarefa
histórica de participar das transformações sociais, culturais e políticas deste
nosso país? Os de minha geração, alguns
se perguntam: “será que não dei minha contribuição e agora é com a galera mais
nova?” Meu compadre teve um AVC, andou na baixa, perdeu vinte quilos, mas
esteve nas manifestações do “Não vai ter golpe” deste 31 de março, o dia em que
o Brasil desajustou seu relógio político em trinta anos. Tem nego de minha
geração que arquiteta sonhos de mudança via política. Eu, peço licença para
continuar sendo esse elemento seco e estéril que apenas abençoa os que assumem
as ruas em nome da liberdade. Acho que já fiz minha parte. Eu queria a
transformação social, deram-me um governo que apenas gerencia o capitalismo
periférico com os mesmos processos de sempre, da cooptação corrupta e demais
engrenagens do mecanismo de dominação.
Não precisamos de líderes,
tampouco de mitos. Acredito na autodeterminação das pessoas.
E para o Chikungunya,
não há o que fazer senão tomar acetaminofeno, anti-inflamatórios e complexo B.
Para a confusão política, a depressão econômica e a safadeza dos agentes
públicos, o remédio que indicam é a prevenção, como no combate ao vírus.
Repelente, no caso dos mosquitos, e voto consciente, em se tratando da
política. Controlar o vetor do vírus, limpar seus criadouros, e manter sob
vigilância as câmaras de vereadores, prefeituras, assembleia, senado e chefes
do Poder Executivo, sem esquecer a galera de toga.
Nenhum comentário:
Postar um comentário