A
cultura poética popular nordestina e a escrita ideológica ganham mais um
registro na Paraíba, com o lançamento do folheto “Chico Veneno, o homem que
intoxicou a burguesia”, do cordelista Fábio Mozart. Natural de Pernambuco, foi
na Paraíba que Mozart construiu sua biografia de escritor irreverente e irônico
como no livro de crônicas de humor “Aventuras de Biu Penca Preta no reino da
fuleragem”, mostrando também seu compromisso sério com a descrição das lutas
populares em sua terra, como na versificação da vida de Biu Pacatuba, “um herói
do povo paraibano”, líder camponês de Sapé, obra ganhadora do Prêmio Patativa
do Assaré do Ministério da Cultura.
No
cordel “Chico Veneno, o homem que intoxicou a burguesia” se faz presente o
discurso ideológico como ingrediente natural, numa perspectiva histórica,
denunciando as mazelas do regime autoritário de 64 e os caminhos de Francisco
Almeida na arte, no jornalismo e no combate político.
Os
dados biográficos são insuficientes, comum nessa prática poética narrativa. “O
que nos levou a escrever o folheto foi a intenção de assinalar a passagem desse
fenômeno histórico que se chama Chico Veneno por minha terra, de onde partiu
para levar adiante uma guerra necessária, ‘porém já perdida’”, assinala Mozart.
O
trabalho de Fábio Mozart sobre o ativista político de Itabaiana, materializado
neste folheto e no relançamento do jornal “Evolução”, fundado por Chico,
assume, em certo sentido, um caráter educativo, levando ao leitor trechos da
memória itabaianense, naquilo que ela contém de mais representativo no campo da
luta política e da cultura na história moderna da terra de Pedro Fazendeiro e
Leonilla Almeida, dois emblemas da revolução que jamais houve, mas que
permanece na consciência social dos povos, em sua dimensão utópica.
O
folheto “Chico Veneno, o homem que intoxicou a burguesia” será lançado no dia 5
de maio, na Galeria Archidy Picado, no Espaço Cultural José Lins do Rego, em
João Pessoa, juntamente com meu livro Uma homenagem a Violeta Formiga e outros
escritos, além do livro de poemas Laranja Romã, do mesmo Mozart.
Jandira Lucena
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