quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Uma ideia para economia criativa em torno de literatura de cordel

Josafá de Orós, sociólogo, artista plástico, poeta, produtor cultural, assessor em projetos de desenvolvimento.

Partindo do princípio de que a cultura brasileira em movimento contínuo se cria e recria segundo interesses estritos do consumismo capitalista, o xilogravurista Josafá de Orós alinhavou algumas ideias sobre literatura de cordel, no sentido de mobilizar politicamente os poetas e produtores dessa área no intuito de contribuir para uma discussão em torno de políticas culturais voltadas para a economia criativa do cordel e fazer frente a este descompromisso que se vê em larga escala no cotidiano social com nossa cultura de raiz, incluindo, é claro, os lambedores e garrafadas do Doutor Raiz.

Josafá de Orós é uma espécie de máquina de pensar alternativas para os fazeres artísticos populares, entre eles o cordel. Seu novo plano é criar um polo de produção regional e difusão do cordel e da xilogravura em uma unidade de economia criativa que geraria, entre outros objetivos, a formação de jovens em arte e cultura com identidade regional. “Pensei muito grande?”, indaga Josafá, que é de Orós mas foi adotado por Campina Grande. “São muitos poetas sedentos para publicar suas obras engavetadas. Com o polo, produziríamos e distribuiríamos para bancas de revistas, bibliotecas e tudo o mais, a partir deste centro gráfico especializado em impressão de folhetos e xilogravuras, quem sabe vinculado à Academia de Cordel do Vale do Paraíba”, reflete Josafá. Considerando as limitações econômicas, ele gostaria de ver essa ideia de estímulo e desenvolvimento do gosto estético-popular a partir do cordel sendo discutida com gente feito Lau Siqueira, Secretário de Cultura, envolvendo Banco do Nordeste, Sebrae, Cooperar e outros órgãos.

Parque gráfico, unidades de formação de alunos e professores, central de distribuição e gestão do cordel e da xilogravura como negócio cultural que geraria emprego e renda. Essa é a ideia geral. “Vamos entabular as conversas para saber se existe sinal verde ou vermelho?”, provoca Josafá de Orós.

Daqui de minha Toca eu repasso a provocação para Walter Aguiar, Lau Siqueira, Luciano Marinho, Secretário de Cultura de Itabaiana, e demais atores nesse teatro meio visionário que é a área cultural. Josafá acredita que a pior atitude é de ficar de braços cruzados enquanto cada vez mais as condições de sobrevivência do artista popular vão minguando. Eu mesmo só consegui até hoje editar apenas quatro cordéis, isso com recursos públicos e um da iniciativa privada, este último sob a chancela do meu compadre livreiro Heriberto Coelho.

Orós quer que a gente invente o bicho, pense nele, se parece oportuno alimenta-lo, criar a espinha dorsal. “Proponho-me a ir botando carne no esqueleto do monstrengo, rodeando os ossos que podem sustentar a carcaça”, disse Josafá. Eu fiquei de conversar com o poeta Sander Lee, Presidente da Academia de Cordel do Vale do Paraíba. Amanhã publicarei sua opinião.

Na verdade, sou daqueles que ainda sustentam a capacidade de sonhar. É ver a atitude de dirigentes, estimuladores, criadores e implementadores das políticas públicas.   

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