Josafá
de Orós, sociólogo, artista plástico, poeta, produtor cultural, assessor em
projetos de desenvolvimento.
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Partindo
do princípio de que a cultura brasileira em movimento contínuo se cria e recria
segundo interesses estritos do consumismo capitalista, o xilogravurista Josafá
de Orós alinhavou algumas ideias sobre literatura de cordel, no sentido de
mobilizar politicamente os poetas e produtores dessa área no intuito de
contribuir para uma discussão em torno de políticas culturais voltadas para a
economia criativa do cordel e fazer frente a este descompromisso que se vê em
larga escala no cotidiano social com nossa cultura de raiz, incluindo, é claro,
os lambedores e garrafadas do Doutor Raiz.
Josafá
de Orós é uma espécie de máquina de pensar alternativas para os fazeres
artísticos populares, entre eles o cordel. Seu novo plano é criar um polo de
produção regional e difusão do cordel e da xilogravura em uma unidade de
economia criativa que geraria, entre outros objetivos, a formação de jovens em
arte e cultura com identidade regional. “Pensei muito grande?”, indaga Josafá,
que é de Orós mas foi adotado por Campina Grande. “São muitos poetas sedentos
para publicar suas obras engavetadas. Com o polo, produziríamos e
distribuiríamos para bancas de revistas, bibliotecas e tudo o mais, a partir
deste centro gráfico especializado em impressão de folhetos e xilogravuras,
quem sabe vinculado à Academia de Cordel do Vale do Paraíba”, reflete Josafá.
Considerando as limitações econômicas, ele gostaria de ver essa ideia de
estímulo e desenvolvimento do gosto estético-popular a partir do cordel sendo
discutida com gente feito Lau Siqueira, Secretário de Cultura, envolvendo Banco
do Nordeste, Sebrae, Cooperar e outros órgãos.
Parque
gráfico, unidades de formação de alunos e professores, central de distribuição
e gestão do cordel e da xilogravura como negócio cultural que geraria emprego e
renda. Essa é a ideia geral. “Vamos entabular as conversas para saber se existe
sinal verde ou vermelho?”, provoca Josafá de Orós.
Daqui de
minha Toca eu repasso a provocação para Walter Aguiar, Lau Siqueira, Luciano
Marinho, Secretário de Cultura de Itabaiana, e demais atores nesse teatro meio
visionário que é a área cultural. Josafá acredita que a pior atitude é de ficar
de braços cruzados enquanto cada vez mais as condições de sobrevivência do
artista popular vão minguando. Eu mesmo só consegui até hoje editar apenas
quatro cordéis, isso com recursos públicos e um da iniciativa privada, este
último sob a chancela do meu compadre livreiro Heriberto Coelho.
Orós
quer que a gente invente o bicho, pense nele, se parece oportuno alimenta-lo,
criar a espinha dorsal. “Proponho-me a ir botando carne no esqueleto do
monstrengo, rodeando os ossos que podem sustentar a carcaça”, disse Josafá. Eu
fiquei de conversar com o poeta Sander Lee, Presidente da Academia de Cordel do
Vale do Paraíba. Amanhã publicarei sua opinião.
Na
verdade, sou daqueles que ainda sustentam a capacidade de sonhar. É ver a
atitude de dirigentes, estimuladores, criadores e implementadores das políticas
públicas.
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