O homem pensa
que mata o tempo; o tempo acaba matando o homem. É, no entanto, afoiteza pensar
que todo mundo morre. Uns, poucos, são imortais. São raros os homens e mulheres
que passam por essa vida e deixam marcas tão profundas. Um deles é o arcebispo
Dom Hélder Câmara. Esse baixinho teve tantos desdobramentos em sua vida que é
um caso a se contar. Na juventude, foi radical de direita. Na maturidade,
marcou a história do Brasil com posições de extrema esquerda.
O irrequieto
pastor foi, no entanto, um homem de rara coragem e amor pelo seu semelhante. Na
ditadura, postou-se a favor da Justiça e contra os generais. Brigou com esse
esquema poderoso apenas com sua fé, protegendo inocentes perseguidos, ficando
ao lado dos pobres.
O Presidente
General Garrastazu Médici empenhou-se pessoalmente para que Dom Helder Câmara
não ganhasse o Prêmio Nobel da Paz nos anos 70. Mandou seus ministros difamarem
o Bispo na Europa, com medo de que o Prêmio concedido a Dom Hélder fosse uma
tremenda propaganda negativa do regime militar.
Minha geração
aprendeu a admirar essa figura da Igreja Católica. Embora ateu, homenageei o
Bispo Câmara, dando seu nome ao meu primeiro filho. O escritor Hélio Consolaro,
de Santa Catarina, também chamou seu primogênito de Hélder pelo mesmo motivo,
desejando que o menino tivesse a metade do dom de Dom Quixote de Olinda. Por
outro lado da moeda, o empresário Adelmo Scavassa teve a mesma ideia minha e de
Hélio, mas por razões opostas. Também tem um filho Hélder, mas ele gostava
mesmo era da primeira fase de Dom Hélder Câmara, a conservadora. Ele, o Bispo,
foi militante de grupos radicais de direita no Rio de Janeiro, quando jovem.
E assim segue
a história de Hélder Câmara. Quem sabe, nossos filhos terão seus próprios
descendentes chamados Hélder, em homenagem a toda pessoa que vive a vida em sua
plenitude, tomando partido no que considera fundamental para a humanidade. Um
dia, Dom Hélder Câmara escreveu: “Seja qual for sua condição de vida, pense em
si e nos seus, mas não se feche no círculo de sua família. Adote a família
humana.”
Os ateus
também possuem sua mística. Meu santo de proa é Dom Hélder Câmara.
OI Fábio Mozart: Ausente tantos dias, por total incapacidade de pensar, portanto, de escrever. Hoje casualmente abri o computador e encontrei várias mensagens suas, na LIXEIRA do meu computador Obrigada pelo envio. Ainda bem que encontro um texto de sua autoria em louvor do santo arcebispo de Recife dom Helder Câmara. Eu aprendi com Zeamérico idolatrá-lo. Foi um homem que viveu o Evangelho, na preferência pelos pobres, como fez o nosso Salvador. Vou tentar aos poucos voltar ao nosso convívio, se Deus me permitir a graça. Carinhosamente Lourdinha
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