Zé Martins (de branco) ao lado do filho Marcos Martins |
Conheci um líder popular que
é pau pra toda obra; reza novena, puxa ladainha, carrega defunto, visita doente
e nunca enjeita peru gordo nem pato por carregado, bota menino cagado nos
braços, toma uísque vagabundo em copo de margarina, enfim, um cabra feito e
acabado nas mumunhas da politiquice brejeira.
O nome dele é José Martins de Lima, o Zé Martins do Sindicato, presidente perpétuo do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mari, vereador quase eterno, sujeito que vive no meio da feira apertando mãos, distribuindo abraços, sorrindo sempre com aquele sorriso “Silvio Santos”, matreiro na arte do marketing. Tem que ver a figura andando na sua bicicleta, chapéu de palha na cabeça, camisa social abotoada até o gogó, barbas longas e o traquejo de acenar à esquerda e à direita, alternando as mãos no guidom.
Zé Martins é o verdadeiro político “paz e amor”. Trata todo mundo carinhosamente de “belezinha do céu”. Em mais de 40 anos de vida pública, nunca respondeu a uma agressão, jamais sua franciscana figura se envolveu em debates ideológicos. Quando as Forças Armadas deram o golpe em 64, um espírito de porco denunciou Zé Martins por viver entre camponeses. Preso, ele garantiu que não era comunista e sim um homem de Igreja. Para provar que era da Congregação Mariana, começou a cantar as ladainhas, no que foi interrompido pelo oficial interrogador:
------ Soltem este homem que ele ta mais pra Frei Damião do que pra Francisco Julião.
Julião era o líder das Ligas Camponesas em Pernambuco e Paraíba.
Um líder comunitário que luta pelo seu bairro e pelas causas do seu grupo, que sabe se comunicar e interagir com o povo pode ser chamado de popular. Já os popularescos e os demagogos que usam os artifícios da dissimulação e da comunicação fácil, trabalham sempre em benefício próprio e do entourage que os acompanha. Por aí, pode-se dizer que Zé Martins é um político que consegue ser, ao mesmo tempo, popular e popularesco. O escritor satírico austríaco Kral Kraus dizia que “o segredo do demagogo é se fazer passar por tão estúpido quanto a sua platéia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele.”
Como Cronos, o Deus grego que devorava os filhos para que estes não lhes fizessem sombra, os caciques políticos não costumam fazer sucessores. Zé Martins, no entanto, passou sua arte política ao filho Marcos Martins, prefeito em duas gestões, vereador e dono dos votos no Município. Marcos joga com o mesmíssimo estilo do pai, na arte de sempre ser o veludo entre dois cristais.
O nome dele é José Martins de Lima, o Zé Martins do Sindicato, presidente perpétuo do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mari, vereador quase eterno, sujeito que vive no meio da feira apertando mãos, distribuindo abraços, sorrindo sempre com aquele sorriso “Silvio Santos”, matreiro na arte do marketing. Tem que ver a figura andando na sua bicicleta, chapéu de palha na cabeça, camisa social abotoada até o gogó, barbas longas e o traquejo de acenar à esquerda e à direita, alternando as mãos no guidom.
Zé Martins é o verdadeiro político “paz e amor”. Trata todo mundo carinhosamente de “belezinha do céu”. Em mais de 40 anos de vida pública, nunca respondeu a uma agressão, jamais sua franciscana figura se envolveu em debates ideológicos. Quando as Forças Armadas deram o golpe em 64, um espírito de porco denunciou Zé Martins por viver entre camponeses. Preso, ele garantiu que não era comunista e sim um homem de Igreja. Para provar que era da Congregação Mariana, começou a cantar as ladainhas, no que foi interrompido pelo oficial interrogador:
------ Soltem este homem que ele ta mais pra Frei Damião do que pra Francisco Julião.
Julião era o líder das Ligas Camponesas em Pernambuco e Paraíba.
Um líder comunitário que luta pelo seu bairro e pelas causas do seu grupo, que sabe se comunicar e interagir com o povo pode ser chamado de popular. Já os popularescos e os demagogos que usam os artifícios da dissimulação e da comunicação fácil, trabalham sempre em benefício próprio e do entourage que os acompanha. Por aí, pode-se dizer que Zé Martins é um político que consegue ser, ao mesmo tempo, popular e popularesco. O escritor satírico austríaco Kral Kraus dizia que “o segredo do demagogo é se fazer passar por tão estúpido quanto a sua platéia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele.”
Como Cronos, o Deus grego que devorava os filhos para que estes não lhes fizessem sombra, os caciques políticos não costumam fazer sucessores. Zé Martins, no entanto, passou sua arte política ao filho Marcos Martins, prefeito em duas gestões, vereador e dono dos votos no Município. Marcos joga com o mesmíssimo estilo do pai, na arte de sempre ser o veludo entre dois cristais.
Esta crônica está no meu
livro “Mari, Araçá e outras árvores do paraíso”. Reedito em homenagem ao meu
compadre Zé Martins, reeleito vereador pela sexta vez consecutiva, sendo que é
presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mari há 48 anos, o mandato
mais longo de um sindicalista no Brasil. Saudando também Marcos Martins, o
filho, pela conquista da Prefeitura pela terceira vez. Vai no mesmo caminho do
pai.
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