Durante a ditadura militar, telefone era um
equipamento difícil, caro e perigoso. Os milicos grampeavam os telefones,
principalmente nas repartições públicas. Qualquer palavra considerada “subversiva”
já era motivo para prender o interlocutor.
Hoje, todo mundo tem um celular e a
tecnologia da escuta telefônica se sofisticou. Polícia Federal vive escutando
as conversas das pessoas. Grampearam até a Presidenta do país, num extremo de
ousadia e violência contra o Estado de Direito que nunca se viu, nem nos
períodos ditatoriais.
Imagina essa galera no poder!
Passei doze dias acamado, com dengue e crise
reumática. Li alguns livros, entre eles “Memórias do fogo”, do uruguaio Eduardo
Galeano. São contos curtos sobre a América e seus muitos tempos de escuridão.
Uma das narrativas é a lenda da minhoca
gigante, dos índios mosetenes. A minhoca não era maior do que um dedo mindinho.
Crescia e ficou do tamanho de um braço. Comia corações de pássaros. A serpente
devorava corações e crescia. “Quero corações humanos”, disse um dia a serpente,
já enorme que não cabia na aldeia. O caçador matou seus irmãos e os povos
vizinhos. E a serpente não parava de crescer.
Ninguém se salvou. “A serpente cresceu para o
alto e atravessou a noite vazia de corações...”
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