domingo, 27 de março de 2016

POEMA DO DOMINGO


Chico Veneno, o homem que intoxicou a burguesia - (4ª parte) 

O prefeito Hugo Saraiva
Teve que renunciar
Josué de Oliveira
Também correu do lugar
Foram cassados os que tinham
Certo apoio popular.

No ano 68
Outra denúncia se deu
Contra Francisco de Almeida
O regime endureceu
Foi levado a Pernambuco
Outra vez “o pau comeu”.

Numa escola militar
Aprendizes Marinheiros
Chico foi encarcerado
Com mais alguns brasileiros
Cruelmente torturados
Pra confessar paradeiros

De militantes de esquerda
Artistas, sindicalistas,
Gente da oposição,
Estudantes, jornalistas
Quem ousasse contestar
Estava nas suas listas.

Humilhado, processado,
Réu fichado e sem defesa,
Resolveu Francisco Almeida
Da vida virar a mesa:
Foi conhecer outros mundos,
Robustecer as certezas.

Países socialistas
Receberam o militante.
Na Rússia foi aclamado
Como um “Cavaleiro Andante”
Arauto da “nova era”
Que não estava distante,

Onde o povo oprimido
Assumiria o destino
Extinto o capitalismo
Causador do desatino
Para isso é que lutava
O filho de Zé de Zino.

Na Faculdade Lumumba
Ele foi matriculado
Para estudar a ciência
Do povão organizado
E estreitar bem os laços
De quem já era aliado

Dessa tal filosofia
Que pregava igualdade.
Do ensino e da pesquisa
Nessa universidade
Ilustravam as lideranças
Com ensino de qualidade.

Na volta para o Brasil
Foi grande a dificuldade
O regime não aceitava
Dentro da formalidade
Não reconhecia o curso
Diploma sem validade.

Chico voltou ao estrangeiro
Para estreitar amizade
Com povos de todo mundo
E pesquisar a verdade
Da chamada “guerra fria”
E sua brutalidade.

Naqueles tempos nefastos
Foi usado por canalhas
Traído e pisoteado
Em degradantes muralhas
Sacrificado ao fogo
De afrontosas fornalhas.

Quem assim dá testemunho
É Unhandeijara Lisboa
Gravurista que era amigo
Daquela forte pessoa
Que sacrificava a vida
Em movimentos de proa.

“Meu amigo Chico Almeida
Foi um jovem censurado
Até pelos próprios amigos
Foi torpemente julgado”,
Conforme Unhandeijara
Declarou emocionado.

Na sua volta ao Brasil
Sempre muito perseguido
Foi morar com Unhandeijara
Seu aliado querido.
“Ele foi como um irmão,
Verdadeiro e aguerrido”.

Morou em Amsterdam
A capital holandesa
Onde fez uma imersão
Na cultura e na beleza
Dos fortes Países Baixos
E sua imensa riqueza.

Em Portugal foi à festa
Daquele povo irmão
Comemorando nas ruas
A grande Revolução
Em 25 de abril
Brindando à transformação

Social dos portugueses
Que ganharam a liberdade
Derrubando a ditadura
A qual tinha afinidade
Com a opressão no Brasil

E sua bestialidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário