quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A mulher que cria caranguejos de estimação

Beatriz Libório cria caranguejos

Há algum tempo, escrevi uma crônica sobre uma mulher que queria criar caranguejo de estimação.  - http://fabiomozart.blogspot.com.br/2013/10/como-criar-caranguejo-de-estimacao.html

Hoje, recebi uma resposta. Trata-se de Beatriz Libório, de Mesquita, Rio de Janeiro. A mensagem:

“Muito bom! Amei o texto rs, Hoje adotei pela segunda vez um caranguejo. É uma fêmea, filhote.  Chamei-a de Borboleta!  Para confundir mesmo. Aliás, nada melhor do que a curiosidade junto com a surpresa . Abraço!” – Beatriz Libório.

Vamos ouvir aqui uns malas que não acreditam em Deus nem no poder da cura pelo amor aos animais. E ouviremos também uns anjos cuja característica principal é o zelo com quem pisam nessa terra e o carinho com que respiram esse milagre que se chama vida. Eu não acredito nas divindades de pedra, cal, aço e ações malfazejas. Creio no deus discreto que guia as formiguinhas para sua missão na terra, mesmo que seja a de comer os alimentos da despensa dos monges.

“Sua atitude é ridícula e sem sentido”, observa severo o mala metido a pragmático.  “Por que não cria cobra? Acho que você precisa mais de uma cobra...”, lanceta o mala sórdido. “Caranguejo é bom no molho de coco, e mulher deve criar cachorrinhos que servem para lambear xaninhas carentes”, regurgita o machista lascivo.

Na ala dos bons, ouvi primeiro o cara que me ensinou a estar sempre cuidadosamente desprevenido e aberto ao novo, quando escrevo. O nome dele é Guimarães Rosa que pensava que, “se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?”

“A gente ri das pessoas que são apegadas aos bichos. Mas, se pararmos de amar os animais, esse mundo já desmantelado fica na iminência de se acabar de vez”, raciocina a senhorinha piedosa que cria cães abandonados.

Por fim, vem o pensamento de Áurea Gervásio, uma senhora que reflete sobre a reencarnação e a espiritualidade dos animais: “O progresso da civilização tornou mais raras as pessoas capazes de amar a natureza e os animais como a seus próprios semelhantes. Homens hoje em dia trocam animais de estimação por apartamentos e árvores por prédios. No entanto, a natureza intrínseca do ser humano está a conduzi-lo, a cada dia que passa, à consciência de que, desde os ursos polares que estão morrendo no degelo das calotas, até os cães abandonados nas ruas, merecem respeito e sentimento de compaixão dos seres humanos. Onde existe um ser respirando, existe vida, e onde existe vida, tem que haver a consciência universal de proteção e amor.”

E mais não digo nem interrogo.




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