quarta-feira, 25 de maio de 2016

O velho Mozart está de volta

Mozart e Manuel Batista
Fábio Mozart foi um cara que por aqui passou, meio louco, meio sereno, meio avoador, meio excêntrico, meio líder, meio sério, meio violador de costumes.
Deixou marcas. Suas manias alucinatórias de construir pontes entre o sonho e a realidade produziram peças teatrais, campeonatos de futebol, rádio comunitária, jornais, jograis e que tais. Na sombra de sua humanidade, demos sopa às crianças famintas e caminhamos por estradas férteis de generosidade.

Bateu de frente com os tradicionais que nem o cumprimentavam na rua. Execrado pelos conservadores, foi querido pelas putas, pelo rapaz do violão, pela população marginal das periferias, pelos simples, o povão, aquela massa que nem imagina a força que tem.

Deste modo, vivemos um tempo vário, como é cheia de variedades a vida do Mozart, condutor de suas atitudes pelos caminhos e descaminhos do viver sob pressão da boa consciência, atenuado todo o excesso do boêmio, do polemista e do radical nem tão chique.

Mozart habitou entre nós por doze anos, na minha Mari dos Luna Freire. Quando partiu, nosso amigo comum, Chapéu do Correio, que Deus o tenha, inventou esta quadrinha:

Fábio Mozart vai embora
Da cidade de Mari
O copo no bar não ri
Até a garrafa chora.

Agora, ele volta para reeditar sua peça “Mari, Araçá e outras árvores do paraíso”, que será apresentada no aniversário da cidade, em setembro próximo. Mais um presente desse operário da cultura à nossa cidade, ele que é uma mistura de artista e ativista a serviço da sociedade. Aqui, um registro: Mozart fez por nossa cultura, em doze anos, o que a maioria dos gestores públicos e seus desarranjos mentais não fizeram em toda história de Mari.

No dia da estreia da peça, estarei na primeira fila. Conheço o texto, assisti à primeira versão do espetáculo em 1990 e garanto: Fábio soube ser fiel às tradições e à legitimidade de nossa história. Bravo!


Manuel Batista
Radialista e produtor cultural


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