Mozart e Manuel Batista |
Fábio Mozart foi
um cara que por aqui passou, meio louco, meio sereno, meio avoador, meio
excêntrico, meio líder, meio sério, meio violador de costumes.
Deixou marcas.
Suas manias alucinatórias de construir pontes entre o sonho e a realidade
produziram peças teatrais, campeonatos de futebol, rádio comunitária, jornais,
jograis e que tais. Na sombra de sua humanidade, demos sopa às crianças
famintas e caminhamos por estradas férteis de generosidade.
Bateu de frente
com os tradicionais que nem o cumprimentavam na rua. Execrado pelos
conservadores, foi querido pelas putas, pelo rapaz do violão, pela população marginal das periferias, pelos simples, o povão, aquela massa que nem imagina
a força que tem.
Deste modo,
vivemos um tempo vário, como é cheia de variedades a vida do Mozart, condutor
de suas atitudes pelos caminhos e descaminhos do viver sob pressão da boa
consciência, atenuado todo o excesso do boêmio, do polemista e do radical nem
tão chique.
Mozart habitou
entre nós por doze anos, na minha Mari dos Luna Freire. Quando partiu, nosso
amigo comum, Chapéu do Correio, que Deus o tenha, inventou esta quadrinha:
Fábio Mozart vai
embora
Da cidade de
Mari
O copo no bar
não ri
Até a garrafa
chora.
Agora, ele volta
para reeditar sua peça “Mari, Araçá e outras árvores do paraíso”, que será
apresentada no aniversário da cidade, em setembro próximo. Mais um presente
desse operário da cultura à nossa cidade, ele que é uma mistura de artista e
ativista a serviço da sociedade. Aqui, um registro: Mozart fez por nossa cultura,
em doze anos, o que a maioria dos gestores públicos e seus desarranjos mentais
não fizeram em toda história de Mari.
No dia da
estreia da peça, estarei na primeira fila. Conheço o texto, assisti à primeira
versão do espetáculo em 1990 e garanto: Fábio soube ser fiel às tradições e à
legitimidade de nossa história. Bravo!
Manuel Batista
Radialista e produtor cultural
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