quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Santa Terezinha das Rosas


Ando na maior aflição. Para ser grande, ser inteiro, ser íntegro, tem que ser corajoso. Eu não sou. A tragédia e a comédia nossa de cada dia me atingem de forma absoluta. Sofro com a dor alheia e mais com as minhas próprias.

Um amigo me viu nesse sentimento moral negativo, aconselhou rezar para Santa Terezinha das Rosas. Esse amigo é do terço dos homens. É poeta e pessoa muito sensível. Como, se eu nunca rezei, jamais fui à missa, tenho bronca do catolicismo, minha vocação é toda ateísta?

Mas gosto do catolicismo popular, das crenças e rituais que o povo consagrou. Um dia escrevi sobre a Santa Amassadinha, criatura de uma mulherzinha aqui do meu bairro. Ela inventou a santa, botou o nome e saiu anunciando milagres. A leveza e a beleza das rosas me atraem. Só por isso passei a ser amigo dessa Santa Terezinha de Lizieux, conhecida como Santa Terezinha das Rosas.

Vou comprar duas rosas para a imagem da santa. Uma para que Terezinha me guie nesse grande desalento em que me encontro. Outra para salvar uma amiga minha que tem o nome da santa e está atolada no crack, sem saber como se livrar do vício. Ela é dependente da “raspa da canela do diabo”, tem dois filhos e um marido tão angustiado que dá pena.

Minha Santa Terezinha das Rosas me conceda a graça de ser perdoado pelas minhas transgressões morais, e salve uma mãe de família que, por contingência da sorte, enveredou pelos descaminhos da droga mais cruel e devastadora. Tem que rezar 24 vezes seguidas, entre os dias 9 e 17 do mês.

Cocaína com bicarbonato de sódio te leva pro inferno. Revés da fortuna e agonia moral também. No caminho, se sentir um perfume de rosas, não custa nada rezar para Santa Terezinha das Rosas, que de repente ela está te acompanhando, esperando uma chance de ajudar.

Tem uma rezadeira que cura à distância, usando foto. Essa atende pelo nome de Madame Preciosa. Faz qualquer tipo de serviço, especializando-se no mau olhado ou “quebranto”. Ela garante que estou com “quebranto”. Cobrou cem paus pra desmanchar o feitiço. Experimentei um banho com arruda, alecrim e alfazema. Fervi as ervas e depois do banho joguei este "chá" do pescoço para baixo durante duas noites em quarto minguante. A magia natural não funcionou e ainda peguei infecção por vírus, com acompanhamento de febre, mal estar e ânsia de vômito.

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